Contra o Golpe

Artistas e intelectuais participam de ato com Dilma pela democracia

“Venho dizer que haverá um dia em que a próxima presidenta será uma Jéssica e terá o coração cheio de gratidão”, discurs

São Paulo |
Artistas reunidos no palácio do planalto
Artistas reunidos no palácio do planalto - Ricardo Stuckert/PR

Artistas e intelectuais participaram nesta quinta-feira (31) de ato com a presidenta Dilma Rousseff para afirmar a defesa da democracia diante das ameaças de impeachment enfrentadas pelo atual governo. O evento ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília. Em comum, os participantes falam que a saída da presidenta seria um golpe.

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A cantora Beth Carvalho lembrou os recentes atos de violência contra pessoas que manifestam posição política à esquerda. “Apenas por usar uma peça de roupa”, disse. Ela exaltou também o avanço dos últimos anos. "A falta de amor é o que faz ignorarem que 40 milhões de pessoas saíram da miséria”, declarou.

A cineasta Anna Muyalaert, diretora do filme “Que horas ela volta”, lembrou a importância do papel da mulher na sociedade e falou sobre a diminuição da desigualdade social no Brasil. “O trabalho feito pelo governo Dilma e pelo governo anterior, do Lula, foi um trabalho de inclusão social estrondoso e reconhecido em todo o planeta”, disse.

Durante o discurso, Anna fez referência ao filme. “E [venho] dizer que haverá um dia em que a próxima presidente será uma Jéssica e terá o coração cheio de gratidão”, acrescentou.

Dilma

A presidenta Dilma Rousseff lembrou que a data de hoje marcou, na década de 1960, o início da ditadura militar no Brasil, período em que ela foi presa política. "Há 52 anos, um golpe militar foi dado. Eu vivi esse momento e acredito que todos nós aprendemos o valor da democracia", destacou.

Dilma ressaltou que parte das pessoas que estavam ali não votou nela, mas que todos participam do processo democrático e por isso defendem a democracia.

"Temos de lutar para voltar a crescer e criar na nossa sociedade um clima de união" defendeu a presidente | Foto: Ricardo Stuckert/PR“Eu venci a eleição por uma margem, não foi grande, mas foi essa margem que garantiu a vitória”, disse. Ela lembrou que, desde o primeiro dia, a oposição não aceitou o resultado. “Eles pediram recontagem”, apontou.

Ela lembrou ainda as conquistas do governo. “Inclusão não é só distribuição de renda. O fim da miséria é só o começo”, disse a presidenta. Em referência ao discurso comumente usado pelos governos militares, Dilma apontou que os governos dos últimos anos romperam “com a lógica de que era preciso esperar o bolo crescer para depois distribuir”.

A presidenta referiu-se ao filme da cineasta Anna Muylaert para falar da realidade brasileira. “São as 'Jéssicas' que mudariam radicalmente a questão da desigualdade, com acesso à educação de qualidade para milhares de brasileiros”, declarou.

Artistas e Intelectuais

Luiz Pingueli Rosa, físico, criticou o processo de impeachment e afirmou que não existe crime de responsabilidade. “Por isso o fundamento do impeachment é falso”, avaliou.

“É com muita preocupação que vemos este movimento golpista”, criticou o professor Eduardo Fanhani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e afirmou que a soberania popular não pode ser ignorada.

Em uma mensagem apresentada por vídeo, o neurocientista Miguel Nicolelis destacou que não falaria “apenas como cientista, mas como brasileiro”. Ele disse que não há crime de responsabilidade por parte da presidenta e que se apoia na Constituição para dizer que é golpe, e não impeachment.

“Nunca houve tanto investimento na saúde”, lembrou o neurocientista. Nicolelis disse ainda que lutar pela democracia é também a defesa de um futuro melhor para as próximas gerações. “Nós temos, nesse instante, a responsabilidade com os nossos filhos, os nossos netos e brasileiros que ainda hão de nascer, de manter essa democracia, ampliá-la e lutar com todas as nossas forças para que as trevas que nós todos vivemos durante 21 anos jamais retornem à vida nacional”, declarou.

Ao longo do evento, vários manifestos e notas sobre a conjuntura política foram apresentados. Entre as áreas, estão saúde, educação, cultura, música e cinema.

A atriz Letícia Sabatella foi enfática ao dizer que não tem partido e criticou os parlamentares que tentam derrubar a presidenta, não pelos erros, mas pelos acertos. “Conheci o Congresso, o Senado, e sei o quanto há de boicote contra a transformação social do Brasil. A gente tem que andar para a frente, não para trás”, declarou.Artista estadunidense Danny Glover |  Foto: Reprodução/NBR

Por vídeo, o ator e ativista estadunidense Danny Glover levou uma mensagem de apoio aos brasileiros. “Eu desejo enviar uma mensagem aos milhares de brasileiros que querem ver a sua democracia crescer, no lugar de se desmanchar, você não está sozinho. O seu esforço é o esforço de todas as pessoas por todo o planeta que lutam por democracia, por liberdade e justiça”, disse.

Em português, o artista finalizou o discurso com a frase “não vai ter golpe”.

Atos

O evento no Palácio do Planalto ocorre no mesmo dia em que atos em defesa da democracia estão  marcados para esta quinta-feira (31) em todo o país. Movimentos populares, sindicais, estudantis e sociedade civil irão às ruas com a pauta “Contra o golpe e por uma nova política econômica”. O Brasil de Fato acompanha em tempo real as manifestações

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