Editorial

Brasil, terra em transe!

A luta contra a corrupção, contra a impunidade e as propostas por um Brasil mais justo e igualitário, deve ser uma taref

Redação |

Nos últimos anos, desde as gigantescas manifestações de junho de 2013, o Brasil vem ganhando o gosto pelas ruas. Ou melhor, uma parte do Brasil, pois em todos os levantamentos estatísticos apresentados até agora, quem se mobiliza são em sua maioria aqueles e aquelas vinculados ideologicamente direta ou indiretamente a alguma coloração política. 

Até agora a imensa maioria da população brasileira assiste a essa situação política, econômica e social pela qual o nosso país atravessa, em cima do muro. Ou melhor, assiste e acompanha pelos noticiários da TV, lê nos jornais, ou nos debates com a família e amigos, mas ainda não estão nas ruas. 

Neste último domingo (13), vimos mais um capítulo dessa peleja, e mais uma vez uma atividade com muitas bandeiras do Brasil, mas com apenas uma parte da população brasileira e de uma única classe social: os brancos e de classe média.

As convocações desse domingo partiram de figuras públicas do quilate de Aécio Neves, Aloísio Nunes, Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, José Serra, Agripino Maia, Eduardo Cunha, entre outros. Muitos desses acusados ou investigados por vários casos de corrupção e mau uso do dinheiro público.

Tarefa de todos

A luta contra a corrupção, contra a impunidade e as propostas por um Brasil mais justo e igualitário, deve ser uma tarefa de todos os cidadãos e cidadãs comprometidos com a democracia e o desenvolvimento do país. O que não parece ser o caso dessa manifestação. Não se pode falar em democracia, com a bandeira da volta da ditadura. Não se pode falar em desenvolvimento, com a bandeira da volta do neoliberalismo. Não se pode falar em nacionalismo, com a bandeira da entrega da Petrobrás. Não se pode falar contra a corrupção, ao lado de Eduardo Cunha e outros citados acima.

Não há saída simples

Em 1967 em seu épico filme Terra em Transe, Glauber Rocha trata de forma lúdica e crítica o período ditatorial onde vários setores da sociedade estão representados. Vivemos tempos semelhantes, o certo é que não há saída simples.

Em suma, enquanto o povo não se sentir parte desse processo da solução dos problemas do país, não o veremos nas ruas. Esse é o desafio posto para aqueles e aquelas que querem mudanças. Vamos à luta!

 

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