Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Geral

CARNE FRACA

“É hora de debater sobre o modelo de produção dos alimentos”, defende pesquisadora

Para Maureen Santos, momento deve suscitar debates sobre toda a cadeia de produção de carne e de outros alimentos

23.mar.2017 às 18h38
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h38
Rio de Janeiro (RJ)
Mariana Pitasse
Maureen Santos coordenou "Atlas da carne - fatos e números sobre os animais que comemos", da Fundação Heinrich Böll

Maureen Santos coordenou "Atlas da carne - fatos e números sobre os animais que comemos", da Fundação Heinrich Böll - Maureen Santos coordenou "Atlas da carne - fatos e números sobre os animais que comemos", da Fundação Heinrich Böll

Desde a última semana não se fala de outra coisa que não seja a operação Carne Fraca da Polícia Federal. A investigação encontrou irregularidades sanitárias em frigoríficos de Goiás, Paraná e Santa Catarina. Entre elas, carne estragada, aditivos acima do liberado e substâncias cancerígenas. Depois que veio a público, países como a China, Japão, Suíça e Chile impuseram embargos à carne brasileira. Para contribuir no debate sobre o assunto, o Brasil de Fato conversou com Maureen Santos, coordenadora de justiça socioambiental da Fundação Heinrich Böll no Brasil. Maureen organizou o Atlas da carne – fatos e números sobre os animais que comemos, uma publicação elaborada por pesquisadores do Brasil, Chile, México e da Alemanha, que mapeia a produção industrial de carne no mundo e como ela atinge recursos hídricos e solos, influencia as mudanças climáticas e aumenta a desigualdade. Na entrevista, Maureen fala sobre os impactos sócio ambientais da produção da carne e a necessidade de repensar a maneira como nos alimentamos.

Brasil de Fato: A que atribui toda a repercussão em torno da operação Carne Fraca na última semana?

Maureen Santos: A operação está trazendo bastante polêmica por conta das denúncias, que algumas pessoas acreditam ter um motivador político forte por trás, mas principalmente porque é um assunto que toca muito individualmente para quem come carne e também para quem não come. A partir da repercussão, vários temas ficam em evidência. Do ponto de vista do que a gente vem trabalhando, o principal deles é o modelo de produção e desenvolvimento que precisa ser revisto.

Quanto de carne é consumida hoje no Brasil?

No Brasil, se consome de 75 a 90 quilos de carne por pessoa em um ano. É uma média alta, que ultrapassa a média mundial dos países emergentes, que é de 30 quilos por pessoa em um ano. Nos últimos anos houve um aumento considerável do consumo porque a produtividade aumentou e o preço baixou.

Uma das críticas que circulou pelas redes sociais falava que enquanto a classe média discutia sobre a carne intoxicada, entre as camadas mais pobres, o clima era de comemoração porque o preço da carne havia baixado nos mercados. Você acredita que essa repercussão vai impactar, de fato, o consumo da carne no país?

Como você disse, muita gente não está tão preocupada assim com o que consome e esse é um ponto que acaba esbarrando em questões sociais, de renda e estilo de vida. Mas de imediato tem um impacto sim no consumo e a mídia tem um papel muito importante nesse processo. O noticiário só fala sobre intoxicação da carne. No entanto, a médio e longo prazo o consumo voltará a ser o que era. Agora estamos em período de alerta e aguardando a explicação das empresas, mas daqui a pouco a propaganda vai voltar com tudo e as pessoas vão retornar para sua dieta de costume. Por isso, estamos em um momento importante de reflexão. Temos que aproveitar que esse assunto está sendo muito comentado para debater o que a gente come e o modelo em que a gente está inserido. Não é só uma questão de carne estragada. Faz parte do sistema em que a carne é produzida com bastante uso de fármacos e hormônios e que percorre distâncias imensas para chegar ao nosso prato. É um modelo de produção insustentável para o planeta. Todas essas questões estão sendo invisibilizadas pela mídia para tratar apenas da carne estragada.

Além de só falar na carne estragada, o noticiário tratou como uma questão generalizada. Isso está prejudicando as vendas, alguns países já barraram a importação da carne brasileira. Qual sua avaliação sobre essa questão? A detecção de um problema em alguns frigoríficos expressaria uma tendência da produção nacional?

Vimos um número importante de frigoríficos envolvidos e grande parte deles são bem famosos, mas não acredito que seja algo disseminado na cadeia. Para exportar a carne há procedimentos extremamente rigorosos, então, não pode ser generalizado. Isso não só para a carne, mas se vermos as frutas, os legumes e os outros produtos que são exportados, têm outro padrão, de melhor qualidade do que os que permanecem no mercado nacional. Temos que lembrar que a gente vive em um sistema capitalista que tem como base a competição. Outros países estão enxergando essa falha da produção brasileira como uma oportunidade de desenvolverem seus comércios. No cenário internacional é a carne do Brasil recuando e outros mercados tentando ocupar seu espaço, isso faz parte da guerra comercial. Então, não fico surpresa que países estrangeiros estejam barrando a carne brasileira por uma questão de disputa.

Caso se comprovem as acusações de venda de produtos contaminados ou corrupção de agentes públicos e privados, quais devem ser e contra quem devem incidir as sanções legais?

Deve haver uma investigação muito profunda do que está acontecendo para punir quem for necessário. Mas a questão que mais importa nesse contexto é que as pessoas comecem a se preocupar com o que estão comendo. O tema da investigação não trata os problemas da cadeia. O debate político é importante, mas está invisibilizando o cerne da questão que não é só corrupção, mas o sistema de produção de carne que está todo errado. Esse é o assunto mais urgente, no entanto, o foco do debate está sendo desviado.

Quais as questões mais gritantes da produção da carne no Brasil?

Hoje, a produção de carne se utiliza água de forma absurda, contribui para desmatamento dos biomas, concentra renda, entre tantas outras questões. São 200 milhões de hectares destinados à produção, correspondente a nove vezes o tamanho do estado de São Paulo. Além disso, a população brasileira é de 207 milhões de pessoas, enquanto as cabeças de gado superam 210 milhões. A carne estragada vai ser corrigida por eles em pouco tempo, mas ainda sim temos que exigir um novo padrão de desenvolvimento para o nosso país, em que a produção da carne dentro dos moldes de hoje não caiba.

O Atlas da Carne aponta que a criação animal em escala industrial traz consequências como a fome. Por quê?

A produção em cadeia não é feita para atender quem está com necessidade de alimentação e sim a uma camada pequena da população. Aqui no Brasil, o consumo é mais disseminado, mas em outros países em desenvolvimento e de pobreza extrema, a nutrição que a carne traz também não é acessada. A narrativa de que é preciso aumentar a produtividade é mentirosa, porque a carne só atende às disputa do mercado. O objetivo não é o combate à fome e à pobreza, se não, o foco seria a produção camponesa. Ainda que a produção familiar e camponesa tenha aumentado nos últimos anos, com crédito e assistência técnica, definitivamente não foi prioridade.

Qual o caminho que o consumidor deve seguir a partir desse polêmica em torno da carne?

Deve servir como momento de reflexão, não só em relação a carne mas a tudo que a gente come. Voltar as atenções para a produção local é um movimento muito importante. É preciso valorizar o espaço de feiras locais, produções locais, formas de cooperação entre o consumidor e o produtor. Assim as duas demandas serão atendidas: comida de qualidade para o consumidor e renda para o produtor. É preciso pensar na agroecologia como uma alternativa. Temos que buscar novas formas. É fundamental pensarmos diferente e exigirmos a qualidade dos nossos alimentos. Temos que debater o modelo de produção dos alimentos.

Editado por: Vivian Virissimo
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

INTERFERÊNCIA

Índices usados por Nunes para escolher diretores para formação em SP ‘escondem’ realidade das escolas, dizem especialistas

Luta por justiça

Familiares de Victor Cerqueira participam de audiência pública sobre letalidade policial na Bahia nesta sexta (30)

DESIGUALDADE

Economia não gira com dinheiro na mão de poucos, diz Lula

ARTIGO

Governo Lula e os bilionários da floresta: errar hoje para errar muito mais amanhã

MEMÓRIA

El guacho – Pepe Mujica

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.