TARIFAÇO

Buenos Aires sofre com aumento de tarifas e apagão elétrico

O governo de Macri aumentou a tarifa de energia elétrica em 2000% em 3 anos e um novo aumento está previsto para março

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A população de Buenos Aires enfrenta um novo apagão nos últimos dias de janeiro
A população de Buenos Aires enfrenta um novo apagão nos últimos dias de janeiro - Página12

Os cortes de energia voltaram a afetar a rotina dos argentinos que vivem na região metropolitana de Buenos Aires. Na terça-feira (29), cerca de 110 mil usuários tiveram sua energia cortada e 70 mil pessoas continuaram sem energia elétrica nessa quarta (30). 
As principais distribuidoras de energia, Edesur e Edenor, alegam que não estão conseguindo suprir o aumento do consumo de energia por uso de ventilador e ar condicionado devido às altas temperaturas, com aproximadamente 40 graus de sensação térmica.
No entanto, o problema não é recente. Desde 2017, o país passa por inúmeros apagões. Entre março e outubro de 2017, 1,2 milhão de pessoas foram afetadas por cortes de energia. No mesmo período do ano passado, 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelos apagões.
Apesar dos problemas enfrentados no fornecimento de energia elétrica, o valor das contas de luz na Argentina aumentou 2000% entre 2016 e 2018. E um novo aumento de 50% está previsto para março, como anuncia o governo de Mauricio Macri, da coligação Cambiemos.
Uma conta de luz que custava em média 20 pesos em 2015, atualmente custa 642 pesos argentinos e deve chegar a 922 pesos em março deste ano. No mesmo período, o salário mínimo, hoje fixado em 9.500 pesos [aproximadamente R$ 941], cresceu apenas 102%, enquanto a aposentadoria aumentou 117%.

Aumento no preço do gás

Na mesma semana em que o país enfrenta mais uma série de apagões, a Secretaria de Energia da Argentina anuncia um novo aumento no preço do gás. Segundo um comunicado do órgão publicado nessa segunda-feira (28), o botijão de 10 quilos passará a custar 296 pesos argentinos a partir do dia 1º de fevereiro, o que representa um aumento de 23,93%.

Entre dezembro de 2015 e janeiro deste ano, o preço do produto foi de 97 a 296 pesos, o que representa um aumento de 205%.

No caso do galão não regulamentado, vendido por alguns comerciantes, o preço do botijão de 10 quilos chegou a 400 pesos. Em regiões mais pobres, onde há pouco controle estatal sobre o preço do produto, com frequência a população fica sujeita a valores não regulados, embora essa imposição de preços seja ilegal.

"Tarifaço"

A população argentina vem enfrentando sucessivos aumentos nas tarifas de gás, água, energia e transporte, conhecidos popularmente como "tarifaços", desde que Macri assumiu a presidência do país no final de 2015. 

O presidente argentino chega ao seu quarto e último ano de mandato enfrentando a maior inflação comercial em 27 anos e um aumento significativo da pobreza e do desemprego após o acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em junho de 2018, e as políticas de ajuste de seu governo.

Por conta do novo aumento de tarifas, organizações populares do país foram às ruas de Buenos Aires no último dia 24 para exigir, entre outras coisas, que a Secretaria de Energia recue da decisão de aumentar o preço do gás.

Além disso, os manifestantes exigem que o governo crie uma tarifa social para o transporte, contemplando a população mais pobre, beneficiária do salário social complementar.

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*Com informações do Página12.

Edição: Luiza Mançano