São Paulo

Padre Julio, da Pastoral do Povo da Rua, denuncia ameaça de morte feita por policiais

“Sensação de impotência", afirma o religioso intimidado; advogada fez denúncia na Corregedoria da PM

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Padre Julio Lancelotti critica a relação entre policiais militares e a população de rua - Foto: Rafael Stedile

O padre Julio Lancelotti denuncia dois agentes da Polícia Militar de São Paulo de o terem ameaçado de morte no último dia 27 de janeiro, no bairro da Mooca, na zona leste paulistana. Ele atua nesta região auxiliando a população em situação de rua, por meio da Pastoral do Povo da Rua, que é liderada por ele.

“Durante uma abordagem policial, em que eles acusavam três moradores de rua por um assalto, os policiais bateram muito nos meninos e depois disseram que era para me avisarem que minha hora chegaria”, explica Lancelotti.

Os agentes, lotados no 11º Batalhão da Polícia Militar, procuravam o assaltante que teria roubado a filha de outro policial.

“As três pessoas abordadas sofreram agressões verbais, foram humilhados e ameaçados de morte. Durante essa abordagem, os policiais também proferiram ameaças ao padre Julio, porque os rapazes tentaram se defender da abordagem dizendo que ajudavam voluntariamente na organização do Bazar Solidário do padre Julio. Quando eles mencionam o nome do padre Julio, eles ameaçam: ‘Avisa o padre que a sua hora vai chegar’. Eles humilham o padre e fazem afirmações que atingem a honra dele”, afirma Juliana Hashimoto, advogada da Pastoral do Povo da Rua, que apresentou uma denúncia na Corregedoria da Polícia Militar, informando a ameaça de morte.

Lancelotti relembra que já foi ameaçado de morte outras vezes e que a relação com policiais militares sempre é tensa, justamente pelo comportamento adotado pela corporação nas abordagens com a população de rua em São Paulo.

“Ser ameaçado de morte gera uma sensação de impotência. Não há muito mais o que dizer”, afirma o padre Lancelotti.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) não respondeu até a publicação desta matéria.

Edição: Camila Maciel