Em meio ao cenário incerto da pandemia, o governo do Distrito Federal publicou um decreto (nº 40.939) que autoriza o retorno das atividades pedagógicas nas escolas públicas a partir do dia 3 de agosto.
Com a taxa de isolamento social caindo – no último dia 20, o isolamento atingiu 35,6% da população – e o número de óbitos totalizando 1.176 no Distrito Federal, esta ameaça do retorno presencial preocupa os professores, que alegam a falta de segurança e estrutura para retomarem os trabalhos nas escolas. Como expõe, Berenice D'Arc, diretora do Sindicato dos Professores do DF.
Para voltar à normalidade é preciso muita escuta, e queríamos garantir que o governo nos escutasse.
“No espaço que nós tínhamos com várias salas, com metragens pequenas e com pouca ventilação sabemos que teremos que pensar em um novo espaço para receber um número menor de estudantes, com um trabalho diferenciado em relação a sua permanência na escola", explica.
"Temos um debate grande a ser construído. E neste momento a escola não está pronta para isto. Entendemos que é importante construir o retorno, não nos negamos até porque é o nosso ambiente de trabalho, mas para voltar à normalidade é preciso muita escuta, e queríamos garantir que o governo nos escutasse”, argumenta a professora.
Leia também: Retorno às aulas coloca em risco a vida de 9,3 milhões de pessoas, aponta Fiocruz
Entenda: Casos de covid no Distrito Federal sobem mais de 1.000% desde a liberação do comércio
O secretário de educação do DF, Leandro Cruz, garante que haverá todo o suporte necessário para esta retomada nas escolas, como testagem dos professores e segurança com os protocolos contra a covid.
“O que o decreto prevê é que a partir do dia 3 de agosto está autorizado o retorno das atividades pedagógicas nas escolas. Nós testaremos os professores. Nós prepararemos todo o protocolo e teremos uma volta gradual e segura para os nossos estudantes, professores, servidores e para toda a comunidade da educação”, afirma.
Relembre: Governo do Distrito Federal decreta estado de calamidade pública, mas afrouxa regras
De acordo com o censo de dados escolares da Secretaria de Educação do DF, os 460 mil alunos matriculados na rede pública terão que se preparar para o retorno das aulas presenciais. No contexto de pandemia, esta volta envolve uma também questões fora da escola como o transporte e outras condições sanitárias para prevenção, fato que incomoda os responsáveis por estes estudantes.
A mãe de uma estudante, Débora Pontes, afirma que não levará sua filha à escola até que a situação se normalize. "Como mãe não me vejo segura para mandar novamente minha filha para a escola, pegar o transporte público lotado, porque são horários de pico e ainda ficar no ambiente escolar em que as salas são fechadas e pouco arejadas. Depois esse estudante tem que retornar novamente com o transporte público.”
"Não vejo essa possibilidade no momento, espero que pelo menos os casos tenham uma queda drástica para que depois haja o retorno às aulas", argumenta
Mesmo com a oposição de grande parte dos professores e pais, a previsão para a retomada das aulas presenciais começa com a testagem para a covid dos profissionais da educação nos próximos dias de 3 a 14 de agosto e seguirá de forma gradual para os estudantes.
Aprofunde-se: Saúde, falta de estrutura e desigualdade: os riscos da volta às aulas na pandemia
Edição: Rodrigo Chagas