As repercussões políticas após a manifestação da jogadora de vôlei Carol Solberg não param de crescer nas últimas semanas. Em denúncia apresentada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei, na última terça-feira (29), a procuradoria do órgão pede que a jogadora carioca receba penalidade máxima: uma multa de R$ 100 mil e suspensão por seis torneios.
Solberg foi denunciada pela procuradoria do STJD por dizer “Fora, Bolsonaro”, ao finalizar uma entrevista ao canal SporTV, após ganhar o bronze em uma partida da etapa de Saquarema (RJ), do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, no domingo (20).
A denúncia cita dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O primeiro deles, o artigo 191, trata sobre a penalização do atleta que deixar de cumprir o regulamento da competição, o segundo, o artigo 258, estabelece penalidade ao atleta que “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras do código”.
Pelo primeiro artigo, a punição é de até R$ 100 mil. Pelo segundo, suspensão de até seis partidas, provas ou equivalentes.
Em seu perfil no Instagram, Solberg, que é filha da ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, se posicionou novamente. “Falei porque acredito na voz de cada um de nós. Vivemos em uma democracia e temos o direito de nos manifestar e de gritar nossa indignação com esse governo”, disse.
Em outro post, Carol questionou o porquê de muitas pessoas acreditarem que esporte e política não podem se misturar. “Quem disse que atleta não pode se manifestar politicamente? Quem disse que esporte é só entretenimento? Estamos ali só para correr atrás de uma bola e vivemos alienados do mundo? O atleta não é um cidadão como outro qualquer? Eu acredito que esporte e política devem andar juntos, simplesmente pelo fato de que é impossível dissociar um do outro”, argumentou.
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Repercussão
A fala da atleta teve grande repercussão nas redes sociais e, no mesmo dia, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) emitiu nota repudiando sua postura. Na nota, a CBV utilizou o termo racista “denegrir” para dizer que a jogadora “manchou a imagem” da modalidade nacionalmente. Ainda garantiu que tomaria todas as medias cabíveis para punir a atleta.
A Comissão Nacional de Atletas de Vôlei de Praia, presidida pelo campeão olímpico Emanuel Rego, também criticou Solberg, avisando que vai lutar pela proibição de posicionamentos do tipo.
Emanuel foi embaixador do Banco do Brasil e secretário especial de Esportes de Alto Rendimento, do Ministério da Cidadania, do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele foi demitido do cargo em junho deste ano.
Nas redes sociais, perfis extremistas também atacaram Carol Solberg e cobraram que o Banco do Brasil retire o patrocínio a ela. Mas, na verdade, o banco não é o patrocinador da atleta, mas sim do Circuito Brasileiro, pelo qual ela compete.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Leandro Melito e Mariana Pitasse