A Venezuela realizou um simulação eleitoral no último domingo (25), como um ensaio para as eleições legislativas do dia 6 de dezembro. A atividade faz parte do calendário eleitoral, mas neste ano teve maior importância para que o eleitorado pudesse conhecer a nova urna eletrônica e as medidas de biossegurança que serão adotadas por conta da pandemia. Apesar de não divulgar taxas de comparecimento, a presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Indira Alfonzo classificou a jornada de "exitosa, com resultados melhores que o esperado".
O CNE dispôs 945 mesas, em 381 colégios por todo o território nacional para atender 20,7 milhões de eleitores. O operativo contou com 3.447 funcionários do poder eleitoral e teve que ter o horário extendido por conta da alta participação. A Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb), junto às Brigadas Bolivarianas, apoiaram a logística e garantiu a segurança do processo.
A presidenta do poder eleitoral destacou que mil urnas eletrônicas que foram enviadas para os estados permanecerão à disposição do eleitorado até o dia da eleição.
O Conselho de Especialista Eleitorais da América Latina (Ceela) foi um dos organismos que acompanhou as autoridades venezuelanas na jornada de domingo último e será um dos observadoras nas eleições de dezembro. "Observamos o cumprimento de toda regulamentação que foi estabelecida para o processo. A simulação aproxima os votantes do progresso tecnológico adotado para o 6 de dezembro", afirmou Nicanor Moscoso, presidente do Ceela.
Vim para me familiarizar com as urnas e referendar que estamos numa democracia
E o eleitorado confirma a análise do especialista. Siomara Artiaga foi uma das venezuelanas que compareceu às urnas no último domingo e assegurou que nas próximas eleições a própria democracia do país estará em jogo. "Vim para familiarizar-me com as urnas e para referendar que estamos numa democracia", declarou.
No dia 6 de dezembro, serão eleitos 277 deputados para o período legislativo 2020-2025 da Assembleia Nacional. Cerca de 14 mil candidatos estão inscritos, 52% serão escolhidos por um esquema de listas enviadas pelos partidos e 48% por voto nominal. O período de campanha iniciará no dia 3 de novembro.
A atual legislatura é de maioria opositora e atua em desacato com a justiça venezuelana, depois de ter empossado seis deputados que tiveram suas candidaturas impugnadas por delitos eleitorais.
A democracia venezuelana dará uma lição ao mundo de que resolveremos nossos assuntos políticos em paz
"Isso serve para dar continuidade às leis que são elaboradas pela Assembleia Nacional, já que a legislatura eleita há cinco anos não funcionou. Vamos tratar de colocar o povo na Assembleia para fazer o trabalho necessário", comentou Francisco Velasco, outro cidadão que participou do ensaio eleitoral de domingo.
Nos maiores centros de votação de Caracas, as filas se estenderam por até duas quadras. A juventude também participou.
Ondina Daniela González têm 18 anos e em dezembro participará de suas primeiras eleições. "Desconheço completamente o processo, então venho me preparar. Participar significa dar nossa voz em relação a qual governo queremos. Sinto que devemos chamar todas as pessoas às ruas para que participem dessas eleições", afirmou a estudante venezuelana.
Ao todo, cerca de 107 organizações políticas estão habilitadas a participar das eleições, as duas maiores alianças são o Grande Polo Patriótico, dirigido pelo partido governista, PSUV, e a Aliança Democrática, pelo lado opositor.
Ambos os grupos celebraram a realização das eleições simuladas e a alta participação popular.
"Com esforço e compromisso vamos à Assembleia Nacional para oferecer soluções aos venezuelanos", declarou Edgard Raúl Leoni, candidato a deputado pelo partido Cambiemos na capital.
Já Jorge Rodríguez, ex-ministro de Comunicação, atual candidato e coordenador da campanha do PSUV a nível nacional, assegurou que a democracia venezuelana "dará uma lição ao mundo de como vamos resolver nossos assuntos políticos em paz, no dia 6 de dezembro".
Edição: Rogério Jordão