Promotores argentinos iniciaram uma investigação sobre a morte de Diego Armando Maradona, que esteve 12 horas sem atendimento médico até sofrer uma parada cardiorrespiratória na tarde desta quarta-feira (25). O ex-jogador era acompanhado por uma equipe médica em sua casa, já que havia passado por uma cirurgia no mês passado devido a um hematoma subdural detectado em sua cabeça.
A investigação se concentra sobre essas 12 horas que precederam o infarto para determinar se o atendimento domiciliar era recomendável para um paciente no estado de Maradona. Ele era dependente de álcool e medicamentos para ansiedade e para dormir.
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A Promotoria Geral de San Isidro informou esta manhã que, segundo os registros de ligações e registros das câmeras de segurança, a ambulância tardou apenas 11 minutos para chegar à casa de Maradona, na localidade de Nordelta Tigre. Ele teria sido encontrado sem vida às 11h30 da quarta-feira pelo seu psiquiatra e sua psicóloga, que fariam uma consulta de rotina.
Os enfermeiros prestaram depoimentos e podem ser chamados a fazê-lo novamente. A enfermeira do turno da manhã disse ter escutado o ex-jogador por volta das 7h30 em seu quarto. O enfermeiro do turno da noite assegura ter checado o estado de Maradona antes de terminar sua jornada, às 6h30. Fontes afirmam que Maradona não permitia que entrassem em seu quarto.
Exame toxicológico
Para confirmar a causa da morte de Maradona foi encomendado um exame toxicológico. Nesta quinta-feira (26), amostras de urina e sangue de Maradona foram enviadas à análise para verificar se há vestígios de álcool, drogas, medicamentos ou outras substâncias no corpo do ex-jogador.
“Sabemos que era um paciente hipermedicado, agora veremos o que dizem os resultados”, disse um dos investigadores. Segundo os médicos, o coração de Maradona foi preservado e possuía o dobro do peso normal.
Durante a massiva mobilização para o velório de Diego Armando Maradona na Casa Rosada nesta quinta-feira, seu advogado e amigo Matías Morla foi o primeiro a expressar indignação pela suposta negligência médica.
Em seu Twitter, publicou: “É inexplicável que, durante 12 horas, ele estivesse sem atendimento nem controle pela equipe médica delegada para esse fim. Vou pedir que se investigue até o final”. As últimas declarações dos enfermeiros contradizem essa versão de que o ex-jogador tenha ficado tanto tempo sem supervisão médica.
Dias de luto e um velório massivo
Este é o terceiro dia de luto declarado pelo governo argentino pela morte do ex-jogador Diego Armando Maradona. O velório do ex-jogador foi marcado por forte comoção coletiva e momentos de tensão com um triste desfecho com repressão policial e mudanças no cronograma da cerimônia.
O tumulto causado por volta das 14h30, com uma forte repressão policial na zona do Obelisco. A fila para visitar o caixão de Maradona ultrapassava as 30 quadras, e, nesse momento, a polícia da cidade de Buenos Aires criou uma barreira para impedir a continuidade da fila. Pessoas começaram a empurrar para avançar em direção à Casa Rosada, e a polícia bonaerense utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para controlar a multidão.
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O presidente Alberto Fernández se manifestou a respeito da repressão: “Houve uma ação desmedida da polícia da cidade”, afirmou. Diante das críticas à repressão em uma festa popular, Diego Santilli, ministro de justiça e segurança da cidade de Buenos Aires fez um apelo em seu Twitter: “Não politizem um dos dias mais tristes para os argentinos”.
Já se esperava mais de um milhão de pessoas para a cerimônia. A família optou inicialmente por realizar o velório até 16h, decisão criticada por muitos, considerando o caráter do evento. O velório de Néstor Kirchner, último realizado na Casa Rosada antes de Maradona, durou dois dias. O de Eva Perón,16.
A Praça de Maio foi cenário de uma celebração popular, moradores de favelas e bairros periféricos de Buenos Aires e outras províncias foram despedir-se do craque. “Ele nunca esqueceu de onde veio”, foi uma frase escutada com frequência nestes últimos dias, referindo-se a Maradona que, tendo sido o jogador de futebol mais rico do mundo, fundou um sindicato de futebolistas.
Cemitério cercado de policiais
Cerca de 200 policiais fazem a custódia no cemitério Jardín de Paz, onde Diego Maradona foi enterrado por volta das 19h de quinta-feira (26), na localidade de Bella Vista, na província de Buenos Aires, a 40km da capital argentina. Ninguém está autorizado a entrar e a forte presença policial reflete o desfecho tenso do velório de Maradona na Casa Rosada.
Maradona foi enterrado no cemitério privado Jardín de Paz, no bairro de Bella Vista, mesmo cemitério onde foram enterrados seus pais. Em alguns dias, haverá uma lista de autorizados a visitar o túmulo de Maradona, e pessoas que queiram visitar outros túmulos do cemitério nos próximos dias deverão agendar um horário.
Edição: Leandro Melito