Na tarde desta quarta-feira (2), a Petrobras demitiu o petroleiro Alessandro Trindade, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), por justa causa. A empresa alega que o empregado participou da ocupação Campo dos Refugiados, organizada no terreno da petroleira, em Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), Alessandro de fato esteve no local, mas representando o grupo "Petroleiros Solidários", que distribui cestas básicas para a população carente, com doações de trabalhadores da Petrobras.
“O movimento Petroleiros Solidários começou no início da pandemia, quando o desemprego aumentou substancialmente. Alessandro criou, na ocasião, este movimento e vem, desde então, contando com a ajuda de vários trabalhadores da empresa. Já foram distribuídas 4 mil cestas básicas. Junto ao Sindipetro-NF, Alessandro também participa da ação do gás a preço justo, que já vendeu mais 2 mil botijões de gás de cozinha vendidos a preço justo em diversas comunidades do Rio”, explica a entidade em nota.
Quando o terreno foi ocupado, conforme noticiado pelo Brasil de Fato, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e a FUP apoiaram as famílias. Alessandro, diretor do sindicato, foi um dos que levou cestas básicas para doações no local.
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“A Petrobras, então, acusou o sindicalista de fazer parte da organização daquela ocupação, quando na verdade ele faz parte da organização do movimento 'Petroleiros Solidários', que leva alimentos a quem precisa”, complementa a nota.
De acordo com o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, o sindicato não vai silenciar diante desta injustiça.
“Continuaremos lutando junto à toda a categoria petroleira por comida no prato de todo o povo brasileiro. Vamos buscar todos os recursos possíveis, para reverter esta demissão injusta", afirmou.
Polo não saiu do papel
O local escolhido para a ocupação fica em frente ao antigo Boteco Cadena, no bairro Ponte Preta - na avenida Deputado Octávio Cabral, em Itaguaí. O terreno seria utilizado para instalar o Polo Petroquímico e a Zona de Processamento e Exportação da cidade, no entanto, o projeto nunca saiu do papel.
O polo foi planejado pelo governador do estado do Rio de Janeiro, Moreira Franco, em parceria com a Petrobras, em 1986. Através de um decreto, o então presidente Sarney estabeleceu Itaguaí como a sede. A pedra fundamental da obra chegou a ser lançada, com licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e todos os estudos de impacto necessários a uma obra desse porte.
Procurada pelo Brasil de Fato após o início da ocupação em maio, a assessoria da Petrobras não respondeu aos questionamentos sobre o uso do terreno e o porquê de os projetos não terem sido operacionalizados até hoje. Em nota, a petroleira apenas disse que “confirma que o terreno pertence à companhia e que está adotando as medidas cabíveis para reintegração da área”.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse