MEIO AMBIENTE

Sítio Burle Marx, no Rio de Janeiro, vira Patrimônio Mundial da Unesco

Área tem 407 mil metros quadrados e coleção com mais de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e subtropicais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Sítio Burle Marx
Antigo Sítio Santo Antônio da Bica, adquirido em 1949 por Roberto Burle Marx e seu irmão, Guilherme Siegfried, deu partida ao que hoje constitui o Sítio Burle Marx - Tânia Rêgo/ABr

O Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, foi escolhido como Patrimônio Mundial, na categoria paisagem cultural, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O local é o 23º bem brasileiro inscrito na lista de patrimônios mundiais. A escolha foi anunciada na última terça-feira (27). São 407 mil metros quadrados (m²) de área florestal que abriga uma coleção com mais de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e subtropicais.

Em uma rede social, o sítio disse que a inclusão na lista de patrimônios mundiais significa que estes bens tão especiais para o Brasil são também de "valor universal excepcional" para a humanidade.

“O Patrimônio Mundial é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas, buscando promover a identificação, a proteção e a preservação do patrimônio cultural e natural de todo o planeta”, acrescentou o texto.

Para a diretora do espaço, Claudia Storino, o Sítio Roberto Burle Marx é certamente uma obra de arte, onde as paisagens são o elemento de maior destaque, ligando todo o conjunto com poderosa personalidade.

“Os espaços ajardinados do sítio materializam tanto os princípios paisagísticos da obra de Burle Marx quanto os processos de análise, cultivo e experimentação que impulsionaram a criação do paisagismo tropical moderno”, afirmou Claudia, em nota.

Sítio

O antigo Sítio Santo Antônio da Bica, adquirido em 1949 por Roberto Burle Marx e seu irmão, Guilherme Siegfried, deu partida ao que hoje constitui o Sítio Burle Marx. O local se destaca pela vegetação nativa, formada principalmente por manguezal, restinga e a Mata Atlântica, preservada pelo Parque Estadual da Pedra Branca. Os irmãos compraram posteriormente outros terrenos que foram anexados ao sítio.


Parque tem 407 mil metros quadrados (m²) de área florestal e abriga uma coleção com mais de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e subtropicais / Tânia Rêgo/ABr

O espaço sofreu intervenções para ser transformado no laboratório pretendido por Burle Marx. Em 1985, o paisagista doou o local ao Governo Federal, no intuito de assegurar a continuidade das pesquisas, a disseminação do conhecimento adquirido e o compartilhamento daquele espaço com a sociedade. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) passou a gerir o sítio a partir de 1994, após a morte do paisagista Burle Max.

Jardins, viveiros de plantas, sete edificações e seis lagos integram o espaço, que oferece ao público também um acervo museológico de mais de três mil itens, com coleções de arte cusquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira, além da coleção de obras do próprio paisagista e artista, que já estão catalogadas e informatizadas em sistema online.

Burle Marx

Roberto Burle Marx foi também artista plástico, pintor, escultor, designer de joias, figurinista, cenógrafo, ceramista e tapeceiro. Nascido em São Paulo, foi criado no Rio de Janeiro, onde morreu em 4 de junho de 1994.

Com milhares de projetos espalhados pelo mundo, Burle Marx concebeu paisagens de destaque no país e no exterior, como os jardins do Complexo da Pampulha, em 1942; o jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1954; o paisagismo do Aterro do Flamengo, em 1961; os jardins da sede da Unesco, em Paris; e o famoso traçado do calçadão de Copacabana, em 1970, entre outras.

Ele introduziu o paisagismo modernista no Brasil e foi um dos primeiros paisagistas a utilizar plantas nativas brasileiras em seus projetos. Foi também um dos pioneiros ambientalistas a reivindicar a conservação das florestas tropicais no Brasil, tendo organizado muitas expedições e excursões pelos biomas nacionais, onde descobriu mais de 30 novas espécies de plantas que levam seu nome.

O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, no Recife, em 1934. Em 1961, projetou também o paisagismo para o Eixo Monumental de Brasília e, em 1968, projetou o paisagismo da Embaixada do Brasil em Washington, no Estados Unidos.

Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes paisagistas do século 20, Roberto Burle Marx viveu no sítio entre 1973 e 1994. Reuniu plantas de diversas partes do mundo na propriedade, algumas, inclusive, em risco de extinção.

Patrimônios

A lista de patrimônios mundiais culturais brasileiros reconhecidos pela Unesco inclui Brasília (DF), Cais do Valongo (RJ), Centro Histórico de Goiás (GO), Centro Histórico de Diamantina (MG), Centro Histórico de Ouro Preto (MG), Centro Histórico de Olinda (PE), Centro Histórico de São Luís (MA), Centro Histórico de Salvador (BA), Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), Missões Jesuíticas Guaranis (RS), ruínas de São Miguel das Missões (RS), Parque Nacional Serra da Capivara (PI), Praça São Francisco (SE), paisagens cariocas entre a montanha e o mar (RJ) e o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos (MG).

No Brasil, também são considerados patrimônios mundiais naturais o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (MT e MS), o Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM), a Costa do Descobrimento - Reservas da Mata Atlântica (BA e ES), Ilhas Atlânticas - Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE e RN), Parque Nacional do Iguaçu (PR), Reservas da Mata Atlântica (PR e SP), Reservas do Cerrado e Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas (GO).

O 22º bem nacional chancelado como patrimônio mundial misto de cultura e biodiversidade é o conjunto das localidades de Paraty e Ilha Grande, na Costa Verde fluminense.

* Com informações da Agência Brasil

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda