Centenas de ativistas, militantes e integrantes de movimentos populares participaram neste sábado (9) da maior manifestação registrada este ano na COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes. A conferência global do clima foi tomada por jovens, indígenas, mulheres, representantes de comunidades tradicionais e lideranças na luta por um freio nas mudanças climáticas.
As praças do Expo City – suntuosa estrutura de eventos na cidade mais visitada do país – foram tomadas por cantos e gritos contra o uso de combustíveis fósseis, a favor da justiça climática e pelo cessar fogo na Faixa de Gaza. Os movimentos brasileiros estiveram representados pela rede Vozes Negras pelo Clima e por grupos das comunidades amazônicas, populações originárias, movimentos da juventude, dos direitos das mulheres e da luta pela terra.
Frente a denúncias de grupos internacionais de que a Organização das Nações Unidas (ONU) está atuando para reprimir as referências a Palestina, o pedido pelo fim da guerra apareceu simbolizado pelas cores do país e nos gritos constates por imediato cessar fogo, mas sem citação direta nos cartazes e na manifestação em geral.
A melancia, que se tornou símbolo global do povo palestino, também estava presente. Desde que Israel proibiu o uso da bandeira no território, a fruta passou a ser usada como referência, por causa das cores. Após a guerra declarada pelo governo israelense, a solução criativa e poética se espalhou pelo mundo e também apareceu em Dubai.
Declaração final não avança
Enquanto isso, um acordo final entre nações no evento parece estar distante. A segunda semana da COP28 carrega a expectativa de conclusão de metas e ações para diminuir as emissões de CO2, garantir financiamento para a transição energética e limitar o aquecimento global a 1,5°C.
O governo dos Emirados Árabes almeja uma definição ainda no período da conferência, que segue até o próximo dia 12. O desejo, no entanto, não parece factível. Até as afirmações mais recentes do polêmico presidente da COP28, Sultão Ahmed Al Jaber, sinalizam pressão para a finalização das negociações no prazo do evento. Na sexta-feira (11), Al Jaber, afirmou para uma plateia de autoridades: "Vamos, por favor, concluir este trabalho".
Um novo rascunho que pode fundamentar a declaração circulou no evento entre sexta e sábado, com avanços nas definições sobre combustíveis fósseis. A versão é mais radical que as anteriores, que citavam tanto redução quanto eliminação do uso desses recursos. No texto mais recente a única opção é pela eliminação. A Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), pediu para seus integrantes rejeitem qualquer menção ao tema.
Entre as possibilidades de acordo está um processo progressivo de eliminação, com bases na ciência, do uso de combustíveis fósseis, e também a possibilidade de que seja reconhecida a necessidade de um pico de consumo em dez anos, mas com o setor energético predominantemente livre do uso do petróleo até 2050. No entanto, não há qualquer definição concreta sobre os temas.
*colaborou Eletiel Guedes
Edição: Thalita Pires