Distrito Federal

Falta atendimento

Caso de violência em UPA do Recanto das Emas expõe caos na saúde do DF

Servidores e parlamentares distritais cobram ações do governo Ibaneis

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
UPA do Recanto das Emas - Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

A UPA do Recanto das Emas vivenciou um episódio de violência na segunda-feira (22), quando pacientes sem atendimento depredaram parte da unidade, como paredes e portas da unidade de atendimento. No entanto, servidores e deputados apontam que não se trata de um caso isolado, mas de um sintoma da superlotação e da falta de profissionais nas unidades públicas de saúde do DF

“É inaceitável o que está ocorrendo na saúde publica do DF. Com déficit generalizado de médico e demais profissionais de toda rede em saúde pública, revolta e violência se tornaram rotina”, afirmou Marcos Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF). “A culpa não é dos profissionais de Saúde, mas da má gestão e da falta de compromisso do GDF com a saúde”, acrescentou.

Já a deputada distrital Dayse Amarilio (PSB) criticou o governo do Distrito Federal (GDF) e o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges) pelo caos na gestão da saúde pública no DF. “O paciente precisa peregrinar pela rede, por muitos hospitais com bandeira vermelha e muitas vezes os gestores não conseguem saber onde está tendo atendimento”, destacou a deputada.

Segundo Dayse, o caso que ocorreu em Recanto das Emas não é isolado, pois “o caos está geral e o paciente fica muito nervoso e acaba agredindo, sim, os profissionais de saúde que estão ali na frente, principalmente a enfermagem e o pessoal do atendimento administrativo”. Segundo a parlamentar, o déficit de servidores chega a 25 mil servidores e GDF não faz as nomeações. “E o IGES não consegue fazer esse giro de leitos e não consegue assumir essa contrapartida de entender que é o SUS que precisa estar também dando retaguarda”, criticou.

Além de Dayse, outros deputados distritais de oposição ao governador Ibaneis (MDB), como Max Maciel (PSol), Fábio Félix (PSol) e Gabriel Magno (PT), oficiaram o Iges para terem informações documentais detalhadas sobre as falhas encontradas e quais providências foram tomadas pelo Instituto. Em reunião dos deputados na segunda-feira (22), o Iges relatou que a intervenção no Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF) ocorreu após o Instituto fazer visitas técnicas no local e constatar irregularidades.

Na semana passada o governador Ibaneis envio para a Câmara Legislativa o Projeto de Lei nº 1.065/2024, que autoriza o Iges a gerir e manter o ICTDF, com regime de urgência, mas a matéria ainda aguarda deliberação dos deputados distritais.

Sindenfermeiro

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro), Jorge Henrique, repudia a expansão do IGES-DF na gestão da saúde do DF e fez duras críticas a gestão do Instituto. “Estamos nos mobilizando contra a transferência unilateral do ICTDF, sem consulta à comunidade. Exigimos transparência e inclusão nas decisões que afetam a saúde pública”, afirmou em nota o SindEnfermeiro, acrescentando: “O governo negligencia problemas reais ao privilegiar interesses privados. Pedimos uma CPI para investigar a verdadeira intenção por trás da expansão do IGES”.

Secretaria de Saúde

A Secretaria de Saúde do DF, informou em nota que o GDF está fazendo as nomeações de novos servidores concursados e também as contratações temporárias para suprir a necessidade de diversas áreas assistenciais. “Em 2023, foram chamados 741 médicos de diversas especialidades, 241 enfermeiros, 132 cirurgiões dentistas e 565 especialistas em saúde, totalizando 1.685 nomeações. Já em 2024, foram realizados 700 novos chamamentos, sendo 90 médicos, 156 enfermeiros, 181 técnicos de enfermagem e 273 agentes de vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde”, apontou.

Em relação ao caso de violência, a Pasta informou que “repudia episódios como esse em que trabalhadores são impedidos de cumprirem sua missão, que é de salvar vidas, por serem agredidos por pessoas que também aguardam seus préstimos à saúde”. “Esse tipo de reação não resolve o atendimento e cria um ambiente hostil tanto para os colaboradores comprometidos em ajudar o próximo quanto para os pacientes que aguardam seus atendimentos de forma respeitosa”, acrescentou a nota.

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Edição: Márcia Silva