TRAJETÓRIA

Relembre as acusações contra Julian Assange, alvo de perseguição dos EUA por 14 anos

Jornalista recebeu 18 acusações de espionagem e viveu sob a ameaça constante de extradição para os EUA

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O fundador do Wikileaks, Julian Assange, após deixar a prisão em Londres, em 24 de junho de 2024 - Wikileaks / AFP

Julian Assange foi liberado na segunda-feira (24) da prisão de segurança máxima na capital do Reino Unido, em Londres, onde estava detido havia mais de cinco anos, e embarcou rumo às Ilhas Marianas, onde uma audiência deve chancelar sua soltura. Após a breve estadia no território estadunidense no Pacífico, as ilhas estão mais próximas da Austrália do que do continente americano, o jornalista deve ser liberado e voltar ao seu país de origem, a Austrália.

Segundo o jornal New York Times, ele comparecerá à corte da cidade de Saipan, na manhã da quarta-feira (26 , no horário local, noite da terça 25 no Brasil), onde o acordo será formalizado, seguindo depois para o seu país natal. De acordo com a agência de notícias AFP, o ativista concordou em se declarar culpado por revelar segredos militares. Espera-se que Assange seja sentenciado a 62 meses de prisão. O tempo, porém, é inferior aos 5 anos que o ativista já cumpriu, resultando assim em sua liberdade após a audiência.

Perseguição

Entre 2010 e 2011, alguns dos maiores jornais do mundo publicaram um material extenso sobre abusos de militares dos EUA no Iraque e Afeganistão. Entre os 250 mil documentos expostos pelo WikiLeaks, estava um material de tortura do Exército utilizado no centro de detenção Guantánamo e até espionagem contra a ex-presidenta Dilma.

Por expor esses crimes o jornalista Julian Assange foi alvo de perseguição do governo dos EUA. Primeiro, uma acusação frágil de violência sexual - que depois foi retirada - o obrigou a se refugiar na embaixada do Equador em Londres. Lá, em uma salinha pequena e abafada, ele viveu sete anos, dono de um gato e recebendo visitas de personalidades. Ele acabou sendo preso em 2019. 

A partir daí, cresceram os temores de extradição para os Estados Unidos, onde poderia ser condenado a cumprir até 175 anos de prisão.

No fim de 2022, os jornais que haviam publicado o material confidencial do WikiLeaks em 2010- o britânico The Guardian, o estadunidense The New York Times, o espanhol El País, o francês Le Monde e o alemão Der Spiegel - pediram em carta que os Estados Unidos derrubassem as acusações contra Assange.

Um dia depois, Lula, já eleito presidente, se juntou ao coro: "Que Assange seja solto de sua injusta prisão". Entenda o que Assange revelou e por que ele é alvo de toda essa perseguição.

Edição: Leandro Melito