Tentativa de golpe

China diz que confia em governo da Bolívia para garantir 'paz e estabilidade'

Porta-voz de Pequim diz que país monitora acontecimentos em La Paz; Luis Arce foi alvo de tentativa de golpe

Pequim|China |
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em coletiva de imprensa nesta quinta-feita (27) - Mauro Ramos

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta quinta-feira (27) que confia em que o governo de Luis Arce é capaz de manter a paz, a estabilidade e o desenvolvimento na Bolívia.

A declaração foi feita pela porta-voz da pasta, Mao Ning, em coletiva de imprensa. Ela afirmou que "a China tomou nota dos relatórios sobre o 'movimento irregular de tropas' na Bolívia”, e que “como boa amiga e parceira da Bolívia”, acredita que o governo será capaz de garantir a paz, "que é do interesse fundamental e de longo prazo do povo boliviano".

Na tarde desta quarta-feira (26), o governo de Arce foi alvo de uma tentativa de golpe de Estado liderado pelo então comandante do Exército, Juan José Zúñiga, que mobilizou tropas na PLaza Murillo, em La Paz, e tentou tomar a sede do governo. O presidente reagiu trocando a alta cúpula das Forças Armadas e convocando apoiadores para defender o governo, o que desarmou o movimento golpista.

Bolívia, EUA, China e lítio

Em 2019, o ex-presidente boliviano Evo Morales já havia denunciado o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de Estado que sofreu naquele ano. À época, Morales afirmou que os EUA “nunca perdoaram" o fato de o governo boliviano ter definido uma política econômica de produção autônoma e independente em torno da exploração das jazidas dde lítio para baterias de equipamentos eletrônicos e veículos elétricos.

No ano passado, a general Laura Richardson, chefe do Comando Sul dos EUA, alertou à Câmara dos Representantes estadunidense sobre a suposta agressividade da China na região. A conclusão, segundo ela, seria resultado de conversas com os embaixadores dos EUA no Chile e na Argentina e com representantes das empresas estadunidenses do setor do lítio Livent e Albemarle.

“Então, [falamos sobre] a capacidade de reunir esses grupos para compreender o que realmente está acontecendo no terreno e ver como podemos ajudar e quem mais podemos trazer para a mesa para nos ajudar a resolver esse problema e excluir nossos adversários, excluir os concorrentes”, disse Richardson à época.

No começo de 2023, o presidente Luis Arce anunciou um convênio com o consórcio CBC - integrado pelas companhias chinesas Contemporary Amperex Technology Limited (CATL), Brunp e China Molybdenum Company Limited (CMOC) - para instalar duas plantas de produção de carbonato de lítio nos salares bolivianos de Coipasa e Uyuni. O projeto prevê um investimento de mais de US$ 1 bilhão (quase R$ 5,2 bilhões), e poderá fazer com que a produção chegue a 25 mil toneladas por ano de carbonato de lítio. Segundo Arce, com esse projeto, em 2025 a Bolívia começaria a exportar baterias de lítio, com a matéria-prima local.

Edição: Lucas Estanislau