ÈGBÉ

Representantes de terreiro dizem ter sofrido tentativa de envenenamento durante evento nacional em Belo Horizonte

Religiosos participavam de Encontro Nacional da Cultura de Povos de Matriz Africana; Polícia Civil esteve no local

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Suposto envenenamento aconteceu durante Egbè - Natália Andrade/Brasil de Fato MG

De acordo com os organizadores da terceira edição do ÈGBÉ - Encontro Nacional da Cultura de Povos de Matriz Africana, que aconteceu entre os dias 13 e 16 de junho, em Belo Horizonte, um pai de santo que participava da atividade sofreu tentativa de envenenamento. 

Jonathas de Xangô, que saiu do estado do Maranhão para participar do encontro, teria bebido um líquido, que aparentemente seria água, até perceber que o conteúdo possuía odor semelhante ao de água sanitária. O pai de santo sofreu lesões leves.

Os participantes estavam hospedados no Sesc Venda. A ocorrência foi registrada na primeira noite da atividade.

Os responsáveis pelo evento, que foi coordenado pelo Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileiro (Cenarab), recolheram todas as garrafas e orientaram aos presentes a não ingerir nada que estivesse nos chalés, onde as delegações estavam alojadas. 

Ao analisarem os recipientes recolhidos, foram encontradas quatro garrafas com o mesmo conteúdo em pelo menos dois chalés. Segundo denúncia da organização, as embalagens eram da mesma marca utilizada pelo Sesc e os quartos não possuíam sinal de arrombamento ou violação. 

Na ocasião, Pai Ricardo de Moura, membro da Reunião Umbandista Mineira (RUM) e diretor do Cenarab, afirmou "querer acreditar que foi uma fatalidade”. 

“Graças a Exu e a Zambi, não houve o pior. Informamos ao Sesc, pedindo providência. Fizemos um boletim de ocorrência e estamos aguardando um posicionamento oficial”, declarou. 

Advogado denuncia atentado

Porém, segundo o  advogado do Cenarab, Hédio Silva, o ocorrido aponta para um atentado. De acordo com ele, a Polícia Civil esteve no local, realizou perícia, recolheu as águas dos chalés para análise laboratorial. Ainda segundo Silva, tudo leva a crer que foi um atentado planejado por alguém que tem acesso à rotina do hotel. 

“A legislação sobre os crimes de terrorismo caracteriza esse tipo de atentado como atentado terrorista. Não há suspeita de alguém ou de um grupo específico, mas sabe-se que foi planejado, que sabiam que o pessoal estaria ali naqueles quartos. Há segmentos na sociedade que tratam as religiões de matriz africana como inimigos a serem eliminados. Então, certamente a linha de investigação vai considerar esses fatos”, explica o advogado. 

O outro lado


Procurado pelo Brasil de Fato MG, o Sesc Venda Nova não respondeu até a publicação desta reportagem. Caso entrem em contato, a matéria será atualizada. 
 

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Ana Carolina Vasconcelos