Lançamento

Em clima de pré-campanha, Lula leva Boulos para anúncio de obras sob gritos de 'prefeito' em São Paulo

Presidente destacou investimento em educação em seus governos e evitou mencionar o psolista após multa no 1º de maio

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Lula [ao centro] durante lançamento de obra na Zona Leste da capital paulista - Elineudo Meira/@fotografia.75

O presidente Lula (PT) esteve em São Paulo, na manhã deste sábado (29), para o lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do campus Cidade Tiradentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP).  O evento se deu em clima de pré-campanha e contou com a participação do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), que tem o apoio do petista na corrida pela prefeitura da capital paulista este ano. Apesar disso, depois de ter sido penalizado pela Justiça a pagar uma multa de R$ 20 mil por ter feito campanha antecipada para o psolista, Lula evitou mencionar o nome do aliado neste sábado.

"Este é um dia muito esperado por mim. Tive o prazer de ter o companheiro Haddad, o melhor ministro da Educação que este país já teve. Eu tenho o prazer de ser o presidente que mais investiu em educação, em universidades. Este país não pode ser pra sempre um país de exportação de commodities", afirmou Lula. O petista também fez menção a Marta Suplicy (PT), afirmando que a ex-prefeita de São Paulo fez uma "gestão extraordinária" da cidade.

"Eu vim inaugurar o primeiro CEU [Centro Educacional Unificado] quando a Marta era prefeita. Eu fiquei bestificado", disse. A ex-gestora retornou ao PT em fevereiro após anos de afastamento e divergências com a sigla. Agora, é pré-candidata a vice na chapa encabeçada por Boulos.

Ao discursar, o pré-candidato do Psol disse que a realidade da região da Zona Leste "está mudando". "Ela foi tratada historicamente como uma cidade-dormitório, onde o povo morava, mas tinha que atravessar a cidade para trabalhar e estudar. Agora está mudando graças aos governos populares que tivemos em São Paulo", disse Boulos, ao enaltecer Marta Suplicy.

No evento que reuniu os dois, também estiveram presentes outras autoridades, entre elas os ministros Camilo Santana (Educação), Fernando Haddad (Fazenda), Jader Filho (Cidades) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Parlamentares federais e a primeira-dama, Janja da Silva, também se somaram ao lançamento. Na ocasião, Jader filho (MDB) anunciou a expansão da Linha Verde do Metrô de São Paulo, com três novas estações depois da Vila Prudente, também na Zona Leste.

A reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, disse que a ideia de um campus Zona Leste corresponde às necessidades da comunidade. "Há uma demanda histórica dessa população, que vem reivindicando a produção de conhecimento e melhorias como um todo. A partir dessa obra de hoje temos a perspectiva de nove cursos de graduação, pesquisa e pós-graduação."

Na mesma sintonia, a deputada estadual Ediane Maria (Psol) também disse que a criação da unidade educacional atende a um anseio antigo dos moradores da região. "Ter um instituto federal aqui com investimento do governo federal não tem preço."

Este foi o segundo ato público de Lula com Boulos neste cenário pré-eleitoral. O primeiro se deu nas comemorações do Dia do Trabalhador, no 1º de Maio, também na Zona Leste da capital paulista, ocasião em que o presidente afirmou que as eleições municipais seriam uma "verdadeira guerra" e pediu aos eleitores que votassem no psolista. Foi essa a declaração que lhe rendeu a imposição de multa de R$ 20 mil por propaganda eleitoral antecipada.

Cenário eleitoral

Em conversa com o Brasil de Fato e presente no ato deste sábado, o deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) comentou o atual contexto pré-eleitoral de São Paulo e disse celebrar a união dos partidos progressistas rumo à corrida. "A gente conseguiu uma coisa importante, que foi uma unidade do campo da esquerda aqui, com PT, PSOL, PCdoB, Rede, PV, PDT. A eleição em São Paulo é determinante para o futuro", disse, ao acrescentar que da disputa deve sair um "mapa" da configuração política com a qual o governo Lula deverá contar nos anos seguintes.

"No geral, de todas as eleições vai sair um desenho do que será o Brasil para os dois últimos anos do governo, mas a eleição na capital é a maior do Brasil, [com] essa polarização que já tem aqui, ou seja, 30% são da esquerda, que busca agregar outros campos democráticos, populares, progressistas, e [tem] o campo da extrema direita também tentando atrair a direita. Eles estão mais divididos neste momento. É só ver a essa candidatura do Pablo Marçal", argumenta o petista.

Colaborou Cristiane Sampaio.

 

Edição: Nicolau Soares