Plano de Petro

ONU aprova resolução para apoiar Acordo de Paz na Colômbia

Presidente apresentou 'plano de choque' no Conselho de Segurança para agilizar implementação do acordo com as Farc

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Petro propôs um "plano de choque" no Conselho de Segurança da ONU para implementação do Acordo de Paz - Presidência Colômbia

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quarta-feira (11) uma resolução pedindo apoio da comunidade internacional para a implementação do Acordo de Paz na Colômbia. Segundo o texto, é preciso um “esforço coletivo” que se somem ao trabalho do governo colombiano para a implementação desse documento. 

O acordo foi assinado em 2016 entre o governo e o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A ideia era trilhar um caminho para o fim dos conflitos armados no país que duram mais de 50 anos e deixou ao menos 260 mil mortos. O presidente na época era Juan Manuel Santos. ele ganhou o prêmio Nobel da Paz daquele ano por assinar esse acordo com as Farc.

Após o acordo, sete mil guerrilheiros entraram na vida civil, as Farc entregaram as armas e se transformaram no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum, chamados de Comunes. O fim do conflito e a garantia de participação política são, no entanto, apenas dois dos seis eixos pactuados entre o movimento guerrilheiro e o governo colombiano, em um acordo de 324 páginas.

O diálogo permanente com os grupos armados foi implementado pelo presidente colombiano desde o início do seu mandato em 2022. O mandatário transformou a "Paz Total" em uma política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos. Petro negocia com o Exército de Libertação Nacional (ELN), com o Estado-Maior Central (EMC), a Segunda Marquetalia e outros grupos para tentar pacificar o território. 

O texto aprovado pela ONU nesta quarta-feira pede também a ajuda do Escritório do Alto Comissionado para implementar as sugestões de Antonia Urrejola, chilena que ficou responsável por acompanhar o andamento e as dificuldades do acordo assinado em 2016. O escritório também comentou a situação e disse que há um "alto grau de impunidade no país".

Petro no Conselho de Segurança

O presidente Gustavo Petro está em Nova York e apresentou um relatório sobre os avanços do Acordo de Paz no Conselho de Segurança da ONU. O chefe do Executivo foi crítico em relação ao andamento do acordo depois de sua assinatura e disse que o processo pouco avançou nos últimos 8 anos.

Por isso, ele chamou a proposta apresentada no Conselho de “plano de choque” para superar os obstáculos que limitam o cumprimento do acordo. Ele disse que não há um conflito nacional, mas vários conflitos regionais e disse que a Colômbia fracassa sistematicamente em acabar com essa violência. 

“Queria vir mostrar a dimensão do compromisso que foi assumido. A carta do presidente Santos diz que o acordo de paz é uma declaração unilateral do Estado, o que significa que é um compromisso do Estado com a humanidade

De acordo com Petro, de todas as organizações grandes, sobrou só o Exército de Libertação Nacional (ELN) que o governo tem diálogos já estabelecidos. Segundo ele, na Colômbia acreditam que o normal é a violência e a paz seria algo revolucionário pela extrema-direita, um “pacto satânico". Ele reforçou que a Colômbia é uma das sociedades mais desiguais do mundo.

Segundo ele, o acordo de Paz colocou uma forma de resolução não só para uma questão bélica, mas para incluir econômica, social e culturalmente a população camponesa a partir da transformação de territórios que eram destinados a lavar ativos do narcotráfico em produção de comida, “resolvendo também a estrutura feudal agrária imposta pela Espanha no período colonial”. 

Petro disse que o acordo tem 3 eixos de transformação: a reforma agrária, a transformação do território e a reconciliação. Segundo ele, há uma série de dificuldades para implementar esses três eixos, primeiro  pela falta de velocidade porque as leis não permitem uma agilidade para isso. 

Outra dificuldade é a “fragmentação da verdade” por meio de discursos que dificultam os grupos contrários a esse acordo. E a outra é a destinação de recursos para isso, que, de acordo com ele, a Colômbia tem a tradição de investir em territórios que já acumulam riquezas.

O presidente também disse que a reforma agrária do acordo foi ignorada pelos últimos governos, e que avançou pouco desde a implementação. Para isso, Petro propôs um texto com 10 pontos, incluindo um pacto nacional e uma reforma nas normas para permitir a melhor distribuição dos recursos. Além disso, o texto inclui também a “transformação da estrutura econômica” da Colômbia.

Em sua conclusão, ele pediu uma tomada de decisão do Conselho de Segurança da ONU. Petro revisou o acordo com o Partido Comunes antes de apresentar esse projeto no Conselho de Segurança.

Edição: Lucas Estanislau