ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Às vésperas de convenções partidárias, saiba qual o cenário eleitoral na disputa pela prefeitura de São Paulo

Cientista política Vera Chaia analisa principais pré-candidatos segundo último Datafolha: Nunes, Boulos, Datena e Marçal

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Boulos, Nunes, Marçal e Datena aparecem com as maiores porcentagens de intenções de voto de pesquisa do Instituto divulgada em 8 de julho - Fotos: Reprodução

Começa no próximo sábado (20) o prazo para realização de convenções partidárias para as eleições municipais deste ano, que acontecem em outubro. Partidos políticos e federações vão poder decidir sobre a formação ou não de coligações e definir oficialmente as candidatas e candidatos à prefeitura, vice-prefeitura e câmaras dos vereadores. 

A definição das candidaturas nas convenções precisa ser realizada até 5 de agosto. E em São Paulo, a campanha deve ser bastante agitada e tensa. 

Entre os principais pré-candidatos, segundo as pesquisas, estão Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da cidade, que representa o bolsonarismo; o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL); a também deputada Tabata Amaral (PSB); o jornalista e apresentador de TV, José Luiz Datena (PSDB); e o coach Pablo Marçal (PRTB)

Embora ainda haja dúvidas se Datena realmente vai seguir na disputa até o fim, a chegada do apresentador e de Marçal deixa o cenário mais complicado, segundo a cientista política Vera Chaia. 

“São candidatos que estão se fortalecendo. Datena pelo fato de ele ser muito conhecido nacionalmente e de ter um programa – Brasil Urgente [policialesco da TV Bandeirantes] –, onde ele fala de suas posições, pelo menos na área de segurança pública. E Pablo Marçal conta com 7 milhões e meio de seguidores do seu Instagram", explica Chaia.

Ela pondera, no entanto, que são candidatos muito diferentes e talvez serem bastante conhecidos possa não bastar. “É muito diferente de uma candidatura do Ricardo Nunes e do Guilherme Boulos, onde existem partidos políticos estruturados, que têm toda uma proposta política, partidária. O Datena está no PSDB, que é um partido que se desidratou totalmente. Nós não temos nenhum vereador do PSDB aqui em São Paulo.”

“O Pablo Marçal é um youtuber, influenciador, coach, ou seja, é tudo. Tudo menos político. Tudo menos uma pessoa especializada nessa área de gestão pública. É uma pessoa que não tem identificação partidária nenhuma. Não tem nada a ver. Nós vemos que ele não tem preparo nenhum. A fala dele é voltada para si mesmo”, declara a especialista.

Na última pesquisa Datafolha sobre a disputa para a prefeitura de São Paulo, Nunes apareceu com 24% das intenções de voto, seguido por Boulos, com 23%. Portanto, os dois estavam tecnicamente empatados. Na sequência estavam Datena, com 11%; e Marçal, com 10%.  

Apesar de Boulos também aparecer entre os primeiros nas pesquisas e ser uma aposta da esquerda, ele tem a maior rejeição entre os candidatos. O pré-candidato do PSOL tem desempenho abaixo da média entre eleitores evangélicos, mais pobres e com escolaridade fundamental e média.

“Boulos foi muito criticado e está sendo acusado de várias coisas que ele não tem nada a ver. Acho que não é o fato de ele ter dirigido ou trabalhado no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto [MTST] que ele é radical. Mas toda a proposta, toda a fala dos seus opositores, tenta pegar esse ponto”, analisa Vera Chaia. 

“Mas o Boulos é uma pessoa que conhece a cidade, tem uma equipe muito boa do ponto de vista de preparo político, preparo técnico realmente, fazendo a campanha dele”, avalia. “O fato de termos a candidata a vice-prefeita Marta Suplicy (PT) já mostra uma mudança em termos de atuação do Boulos. Eu acho que ele mostrando as pessoas que estão ao lado dele talvez minimize essa fama de radical.”

Já Nunes, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, promete ter grande força também na disputa municipal.

“A atuação do Ricardo Nunes, não isoladamente, mas ligada ao governador Tarcísio de Freitas e a posição que ele teve em relação ao Bolsonaro e à própria escolha do seu vice, o coronel Mello Araújo, fez com que ele crescesse mesmo. Ou seja, ele não está mais com vergonha de dizer que ele é adepto ou pelo menos que ele tem um apoio do Bolsonaro”, justifica a cientista política.

“Bolsonaro ainda tem uma força política muito grande. E acho que isso explica a força que o Ricardo Nunes está tendo agora. Foi um prefeito que sempre se isolou e ficou escondido, e no último ano, a gente está vendo ele aparecer em todos os momentos, propaganda eleitoral só com ele, do MDB. Eu acho que esse fator é um fator importante para a gente pensar no crescimento de sua candidatura”, pontua.

Saiba quando serão convenções partidárias dos principais candidatos:

Ricardo Nunes (MDB)

Data: 03/08

Guilherme Boulos (PSOL)

Data: 20/07

José Luiz Datena (PSDB)

Data: 03/08

Pablo Marçal (PRTB)

Data ainda não definida.

Tabata Amaral (PSB)

Data: 27/07

A entrevista completa com Vera Chaia, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quinta-feira (18) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

E tem mais!

Ramagem e Bolsonaro

Ex-diretor da Abin e deputado federal pelo PL, Ramagem faz ato de campanha com Jair Bolsonaro após depoimento à Polícia Federal. Ele é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.

Reforma Tributária 

O Congresso entrou em recesso nesta quinta-feira (18). A retomada dos trabalhos será em 1º de agosto e uma das prioridades é a Reforma Tributária. Relembre como ficou o texto aprovado na Câmara e que segue para o Senado na volta do recesso.

Cultura em Reforma

Há quase cinco anos, o Teatro da Praça de Taguatinga está parado. O Governo do Distrito Federal prometeu revitalizar o espaço, mas enquanto a reforma não sai do papel, o local continua sem atividades.

O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Felipe Mendes