Friedrich Merz, líder conservador de oposição ao atual governo alemão, prometeu, durante declaração nesta quinta-feira (23), endurecer as políticas migratórias do país a partir do primeiro dia de mandato se vencer as eleições para chanceler, com controle das fronteiras e, se necessário, aumento de deportações.
A declaração veio um dia após um homem afegão cometer um atentado com faca na cidade de Aschaffenburg, na região da Bavária, no qual duas pessoas foram mortas. O líder do partido Democratas Cristãos (CDU) aparece como favorito nas pesquisas para próximo chanceler da Alemanha nas eleições antecipadas de 23 de fevereiro.
"Estamos diante das ruínas de 10 longos anos de políticas de asilo e imigração equivocadas à Alemanha", disse o político para repórteres ao criticar as regras migratórias da União Europeia, qualificando-as como "disfuncionais". O conservador também pediu uma rejeição do princípio de Schengen por parte do bloco, que garante a livre circulação entre os países participantes.
Ele insistiu que todos os "imigrantes ilegais" deveriam ser rejeitados já na fronteira, incluindo os que chegam em busca de alguma forma de proteção, sejam refugiados de guerra ou perseguidos políticos, além de defender maiores centros de detenções de imigrantes, justificando o uso de armazéns vazios ou quartéis que estejam fora de uso.
A medida anti-migratória de Merz recebeu saudações da líder do partido de extrema direita do país Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, que aparece em segundo lugar nas eleições. Em declaração, ela pediu "o fechamento das fronteiras e deportação de [migrantes] ilegais", além de demandar "a queda do Brandmauer".
O Brandmauer é o termo utilizado para a recusa de todos os partidos alemães em formarem coalizões com o AfD.
Merz já descartou qualquer possibilidade de formar uma aliança com o partido de extrema direita. Essa decisão agrada ao Partido Democrata Liberal (FDP), que espera se aliar ao CDU e voltar novamente ao poder.
A demissão de Christian Lindner, ex-ministro da Economia e representante do FDP na coalizão, por Olaf Scholz, foi o estopim para o rompimento da aliança tripartite, que sustentava a finas linhas um governo já em crise e impopular.
A Alemanha está há meses em crise política enquanto tenta reviver sua economia, atingida pelos preços da energia e pela dura concorrência da China. O governo de Berlim também enfrenta os desafios impostos pela guerra da Rússia na Ucrânia e o retorno de Donald Trump à Casa Branca, que coloca em dúvida as futuras relações comerciais com os Estados Unidos.
Em novembro, Olaf Scholz perdeu a moção de voto de confiança realizada pela Bundestag, a Câmara dos Deputados alemã, abrindo caminho para eleições antecipadas em 23 de fevereiro.
*Com The Guardian e Deutsche Welle
Edição: Leandro Melito