No próximo domingo (10), Peru vai celebrar novas eleições presidenciais. A poucos dias dos comícios, na terça-feira passada (5), 50 mil manifestantes ocuparam o centro de Lima e outras 20 cidades peruanas sob os gritos de “Keiko, não” e “Fujimori Nunca Mais”.
Segundo o analista Alberto Adrianzén, consultado pelo Diário Uno de Peru, os massivos atos são pacíficos e protagonizados principalmente por jovens que rechaçam a candidatura da líder do partido Fuerza Popular, Keiko Fujimori. Ela é filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori, condenado por corrupção e violação aos direitos humanos, e é considerada representante do continuísmo neoliberal. “Os protestos e as críticas a Keiko Fujimori não se devem ao fato de ela ser filha de Alberto Fujimori, pois é um erro tremendo responsabilizar um filho ou filha pelos erros dos país. Keiko é questionada porque tem feito do fujimorismo sua única bandeira e pelos perigos que isso representa”, explicou.
O candidato do partido Peruanos Por el Kambio (PPK), Pedro Pablo Kuczynski, também não ficou de fora das críticas. Ele foi classificado como parte do establichment do desgastado sistema político peruano e lembrado pelo apoio de Keiko nas eleições 2011.
Segundo Adrianzén, a contundência dos atos contra Keiko e o descrédito dado ao candidato do PPK deixam como grande beneficiária a candidata do Frente Ampla, Verónika Mendoza, e aumentam a probabilidade de barrar o fujimorismo no segundo turno. “Há pouco tempo, Keiko tinha uma rejeição de 48 pontos. Se chegar aos 50 pontos, sua derrota será assegurada no segundo turno”, comentou Adrianzén.
Esta será a primeira vez que uma disputa eleitoral entre fujimoristas e antifujimoristas será protagonizada por duas mulheres. É um fato sem precedentes na história não só do Peru, mas da América Latina.
Fujimori Nunca Mais
O ato da última terça feira (5) foi sinalado como a maior manifestação política em Lima desde os grandes protestos contra o então presidente Alberto Fujimori em 2000, quando ele tentava iniciar um terceiro mandato após eleições denunciadas como fraudulentas. A data escolhida teve como objetivo lembrar o “autogolpe” cometido por Fujimori em 5 de abril de 1992, quando ele ordenou que os militares fechassem o Congresso e interveio nos tribunais. A ação foi justificada como necessária para implementar reformas econômicas neoliberais.
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