VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Alerj faz audiência sobre estupros na Universidade Rural

Na semana passada, mais um caso de violência sexual ocorreu na instituição

Do Rio de Janeiro (RJ) |
Mulheres protestam contra estupros na UFRRJ
Mulheres protestam contra estupros na UFRRJ - Foto: MeAvisaQuandoChegar

Mais um caso de estupro aconteceu na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), no campus de Seropédica, na Baixada Fluminense, na última semana. A grande repercussão de uma manifestação que reuniu mais de 400 estudantes motivou a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quarta-feira (13), às 10h. Após o crime sexual, as universitárias criaram na internet a campanha#MeAvisaQuandoChegar, que vem ganhando cada vez mais apoio. 

O nome da última vítima, uma estudante de Agronomia, foi mantido em sigilo. O crime aconteceu na ciclovia, ao lado da universidade. A universitária Sashia dos Santos, do Levante Popular da Juventude, comenta que a maioria dos casos não é denunciada pelas vítimas, que ficam com medo do agressor e da exposição pública. Segundo a 48ª Delegacia de Polícia, 19 casos foram registrados na região no último ano. Segundo as estudantes, desde o começo do ano letivo, já aconteceram três casos de estupros na UFRRJ. 

As estudantes acusam a direção da universidade de não tomar nenhuma atitude para melhorar a segurança das alunas. “A direção da universidade sempre se calou diante dos estupros e violências contra as meninas. Nunca prestou ajuda ou assistência psicológica às vítimas. Nenhuma providência foi tomada”, relata Sashia.

Atualmente, a Rural tem aproximadamente 13 mil estudantes, só no campus de Seropédica, e outros 3 mil nas cidade de Nova Iguaçu e Três Rios. A maioria é composta por meninas. 

“A coisa está tão feia que nós temos medo de andar até durante o dia na universidade”, diz Sashia. E à noite a situação piora bastante. A pouca iluminação e a falta de guardas facilitam a ação dos criminosos.

E não é de hoje que as estudantes denunciam esse tipo de crime. Elas criaram uma página no facebook chamada “Abusos cotidianos – UFRRJ” para relatar casos de violência sexual. Mais de 600 histórias foram registradas na página.

No mesmo dia do protesto foi realizada uma assembleia, só de mulheres, onde puderam discutir o problema e apontar algumas soluções. Algumas meninas também fizeram uma ação “clandestina”, com colagens e pichação de frases como “eu não mereço ser estuprada”, “machistas não passarão” e “cuidado, zona de estupro”.  

Nota da Universidade

Depois de ter o prédio ocupado por alunas cobrando providências contra crimes sexuais cometidos contra mulheres, a UFRRJ divulgou nota pública reconhecendo falhas na segurança. No comunicado, a instituição ainda pede desculpas pelo “inadequado acompanhamento” de um dos casos de estupro ocorrido em suas dependências. No entanto, nenhuma ação foi anunciada para melhorar a segurança das alunas. A UFRRJ alega falta de recursos financeiros

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