Conhecimento

Projeto conta história do rock para jovens de escolas públicas

Idealizador fala sobre influência do ritmo na redemocratização do país

Belo Horizonte |
"Na periferia se faz muito rock", diz idealizador do projeto
"Na periferia se faz muito rock", diz idealizador do projeto - Divulgação

Música e educação: essa é a base para o projeto “Contando a História do Rock Brasileiro”, que roda escolas públicas da periferia de Minas ensinando rock a adolescentes. Idealizada pelo músico Rubens Giaquinto, mais conhecido como Rubinho, a iniciativa busca mais do que instigar o interesse dos jovens pelo ritmo. Rubens, antes de tudo, quer questionar o porquê de serem as bandas famosas do gênero majoritariamente compostas por integrantes de classe média, brancos e universitários.
“É um paradoxo, pois na periferia se faz muito rock. Um dia perguntei para uma banda de garotos do Venda Nova se eles haviam pensado sobre isso e não, nem tinha passado pela cabeça. Porque para eles só fica no sonho, sabe?”, revela.

Linguagem universal
Uma primeira rodada do projeto aconteceu para 80 alunos na Escola Municipal Levindo Coelho, no bairro Serra, na região Sul de BH, e o próximo está marcado para a Escola Estadual Santa Chiara, na cidade de Igarapé. Como metodologia de trabalho, Rubens e mais dois componentes de sua banda, Professor Colcheia, montam os instrumentos e contam um pouco da história do rock. Eles falam sobre todas as vertentes e, passada a teoria, é hora de dar lugar aos sentidos.
“Falamos de Legião Urbana, que é uma banda do Distrito Federal de influência punk, e então tocamos uma música do grupo”, conta.
Ele afirma que o desafio está na forma de despertar a atenção de pessoas que muitas vezes não possuem contato com estilos musicais que ainda não fazem parte, em maior proporção, da realidade da periferia. “Mas quando montamos a bateria... Ah, tem uma magia. Todos os alunos ficam olhando, hipnotizados por aquilo. Se torna mais fácil chegar no coração e nas mentes, porque a música é uma linguagem universal”.

Vontade de se posicionar
Rubinho acredita que o rock, assim como o rap, pode ser capaz de proporcionar questionamentos aos jovens excluídos e a vontade de se posicionar. “O rock nacional nos anos 80 teve papel primordial na redemocratização do país. Por isso é importante emancipar, fazer com que eles conheçam”, reflete. 
Ainda sem patrocínio, o projeto conta com apoio do Instituto Cultiva e Escola Pro-Music. Por isso, apenas uma aula por mês será ministrada. Para levar o projeto à escola, o responsável deve entrar em contato pela página do Facebook “Contando a História do Rock Brasileiro”.
 

Edição: ---