O golpe de Estado parlamentar-judicial-midiático tocado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (acusado de receber mais de cinco milhões de dólares em propinas da Petrobrás) consiste em destituir a presidente Dilma Rousseff por um impeachment, alçando ao poder o vice-presidente Michel Temer do PMDB.
Temer pulou fora do barco do governo após a reeleição de Dilma e desde então vem organizando, junto aos setores políticos e econômicos da elite conservadora, um projeto para o seu governo no caso de impeachment da presidente. Este projeto é tutelado por José Serra, Eliseu Padilha, Armínio Fraga, Sarney, Gilmar Mendes, Eduardo Cunha (se der) com apoio da mídia empresarial, que bombardeia diariamente o governo.
O golpe ganha corpo numa situação de fraqueza do governo Dilma, dentro de um ambiente de crise internacional, forte rejeição das classes médias tradicionais, articulação de setores do Judiciário e de muitas concessões aos oposicionistas, seja para acalmá-los ou porque o governo não se avançou para um projeto de reformas profundas e sociais.
O que é certo é que se este golpe parlamentar for bem sucedido, os golpistas organizam um novo governo de coalizão com os partidos neoliberais – o PSDB, o DEM, o PPS e demais parceiros de oportunismo político.
Golpe
Em outubro de 2015 já havia sido lançado o programa “Uma Ponte para o Futuro”, uma peça inicial do “programa pós-impeachment” do governo Temer. O problema é que o documento defende medidas de arrocho contra os trabalhadores, como o fim da valorização do salário mínimo, mudanças na Previdência, o corte de investimentos nas esferas municipal, estadual e nacional; busca também flexibilizar os investimentos obrigatórios em Saúde e Educação, que foi conquista da Constituição de 1988.
O que está em jogo não é apenas um “Fla-Flu”, como alguns dizem, mas se vamos lutar pela democracia e por um projeto dos trabalhadores. Do outro lado, está o golpe do impeachment, a tesoura e corte na vida de quem trabalha.
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