A ex-presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner presta depoimento nesta quarta-feira (13) à Justiça de seu país. Cristina foi convocada pelo juiz federal Claudio Bonadio, que a investiga por “fraude contra administração pública” junto ao ex-ministro de economia Axel Kicillof e ao ex-presidente do Banco Central Alejandro Vanoli.
A causa foi aberta pelo senador Federico Pinedo (PRO) e pelo deputado federal Mario Negri (UCR), ambos da aliança Cambiemos, do presidente Mauricio Macri. Originalmente, os denunciantes apontavam ao ex-presidente do Banco Central pela venda de dólar a futuro em agosto, setembro e outubro de 2015 a uma cotização inferior à que se pagou na data de vencimento dos contratos, em março deste ano. A alegação é de que a operação teria causado um prejuízo de 77 bilhões de pesos argentinos ao BC.
Bonadio decidiu ampliar a investigação e incluir a ex-presidente e o ex-ministro de economia porque considerou que a decisão de Vanoli teria necessariamente o aval de Cristina Kirchner e Kicillof.
Antecedente histórico
Para o economista Iñaki Álvarez, é equivocado julgar uma política monetária por seus resultados fiscais para o BC. “O objetivo das medidas monetárias é regular e gerar determinadas condições macroeconômicas para o funcionamento da economia”, afirma a Opera Mundi. “A causa gera um antecedente histórico que limitaria a operação cotidiana das funções do BC argentino”.
Na Argentina, a venda de dólar a futuro é mediada pela instituição Rofex desde 2005, quando esse tipo de operação foi habilitada no país. São acordos de parte a parte entre privados, que se realizam às cegas e, em alguns casos, o BC está autorizado a operar.
Álvarez considera que a venda de contratos de dólares futuros, realizada pela anterior gestão do BC a US$10,60 por bônus, foi acertada na medida em que operadores privados já atuavam com a expectativa de uma desvalorização do dólar a $15 pesos.
Desvalorização do peso
“Uma expectativa de desvalorização tão grande pode ocasionar uma corrida cambial e uma escalada inflacionária, pois automaticamente os preços começam a ser atualizados em dólar”, analisa Álvarez. “O Estado tinha que dar sinal de que isso não iria acontecer para que o ano não terminasse de forma desastrosa na Argentina”.
No entanto, nos primeiros dias do governo de Mauricio Macri, no fim de 2015, houve uma desvalorização dessa ordem no peso argentino e o dólar chegou a valer $16 pesos nos primeiros dias de março, justamente quando venceram os contratos das operações que são julgadas por Bonadio.
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