Desde a semana passada, secundaristas do Colégio Pedro II, da unidade Humaitá II, estão denunciando publicamente casos de assédio e abuso sexual por parte de alunos e também de professores da instituição. Um protesto, dentro e fora da escola, chegou a paralisar as ruas próximas do colégio, na última quinta-feira (7).
Mas o assunto pode ser mais grave do que se imagina. Cerca de 10 professores estariam envolvidos em casos de abuso sexual, segundo relatos das estudantes.
“Tem casos de professor que abraça aluna por trás, que toca nas pernas, que manda as estudantes apagarem o quadro para ver a bunda delas, entre outras coisas”, conta uma integrante do coletivo de meninas do grêmio estudantil. Conforme seu relato, casos de abuso também iriam além dos limites geográficos da escola. “Tem um professor que seguiu alunas na saída do colégio para oferecer carona”, explica.
Questionada, a estudante não sabe a quantidade de professores que estariam envolvidos em denúncias de assédio e abuso sexual. “Estamos falando em pelo menos 10 professores. Mas ainda tem meninas que acabam não falando por medo de retaliação”, garante.
Carta aberta
Além dos protestos, alunas do Colégio Pedro II do Humaitá também divulgaram uma carta aberta onde relatavam a violência sofrida dentro da escola. Elas contam que um aluno as assediava há anos. “Aluno maior de idade tinha como prática trancá-las em sala e encoxá-las nos intervalos, mandar mensagens de cunho sexual, além de ser fisicamente agressivo com uma aluna específica, inúmeras vezes”, diz a carta.
De acordo com a carta, a reitoria do Colégio Pedro II havia anunciado a transferência de um professor e de um aluno, envolvidos em episódios mais graves. Depois do protesto, a direção da escola decidiu expulsar o estudante. Já o professor foi transferido para a unidade São Cristóvão II, o que causou a indignação das meninas. Elas consideram que a transferência apenas acoberta e não resolve o problema.
As alunas acusam a direção do colégio de não resolver o problema da violência sexual que existe há anos, mas que se intensificou depois de 2013. “O colégio não investiga, eles dizem que só podem tomar um posicionamento se houver boletim de ocorrência, mas mesmo com um B.O. esse professor só foi transferido de campus, na surdina. Falaram para gente que ele tinha sido afastado”, destaca a aluna.
Posição do colégio
A direção do Campus Humaitá II respondeu através de uma nota. “Em todos os casos de assédio, de qualquer tipo, ou de intolerâncias, quando tomamos conhecimento dos fatos, agimos dentro dos limites do que é possível”.
Na nota, a direção também afirma que se solidariza com todas e todos aqueles (as) que são vítimas de quaisquer tipos de assédios e nega que tenha sido negligente. “A omissão jamais fez ou fará parte das atitudes de uma direção formada por mulheres que, em algum momento de suas vidas, certamente já vivenciaram questões semelhantes”.
Edição: Vivian Virissimo
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