Assim como os professores, os trabalhadores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) também estão tendo que mobilizar muito para negociar sua pauta com o governo do Estado.
A dificuldade de diálogo com a direção da Cemig e com o governo fez com que, passados quatro meses da assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria, vários assuntos que já deveriam ter sido discutidos estejam ainda em aberto.
Segundo o Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), a Cemig havia se comprometido a começar um debate sobre a nova política de saúde e segurança ainda em janeiro e, em fevereiro, seria criada uma mesa temática para discutir o fim da terceirização. “Mas até agora, mesmo com as cobranças, os gestores da Cemig continuam desprezando essas demandas importantes”, denuncia o coordenador geral do Sindieletro, Jefferson Silva.
Ele destaca que o fim da terceirização é um dos pontos mais urgentes do acordo. “Essa prática tem precarizado as condições de trabalho na Cemig, gerando acidentes graves e fatais, principalmente com terceirizados, e afetando a qualidade dos serviços que chega ao consumidor”, alerta.
Acidente fatal
Segundo dados da Fundação Comitê de Gestão Empresarial (COGE), a Cemig tem hoje cerca de 18 mil terceirizados, o que representa 68,51% da mão de obra da estatal. “As consequências dessa terceirização desenfreada são trágicas para a população e para os trabalhadores”, frisa Jairo Nogueira Filho, diretor do Sindieletro e secretário geral da CUT Minas.
Segundo dados da própria estatal, em 2105 foram registrados cinco acidentes fatais e cinco acidentes graves, com mutilação. No dia 3 de março deste ano, o eletricista da empreiteira Encel Ronaldo Oliveira de Lima, de 39 anos, casado, dois filhos menores, caiu de um poste, em Raul Soares, durante serviço de instalação de um ramal. Ele sofreu fratura cervical, foi socorrido e internado em hospital de Raul Soares. Só que, horas depois, Ronaldo morreu.
Negociações paradas
O sindicato denuncia ainda que que as negociações também estão emperradas em relação aos direitos trabalhistas. “De forma unilateral, a estatal suspendeu os trabalhos da comissão que deveria discutir, até o final de março, uma proposta para o seguro de vida dos eletricitários”, explica Jefferson. O corte no seguro dos eletricitários foi de até 80%.
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