Movimentos contra o golpe

Movimentos organizam ato pela democracia neste domingo, na Praça Rui Barbosa

Nesta sexta e sábado (15 e 16), duas manifestações contra o golpe foram realizadas em Curitiba.

Curitiba(PR) |
Banner de divulgação do ato em defesa da democracia
Banner de divulgação do ato em defesa da democracia - Fórum de Lutas 29 de Abril

Com o mote “Na Democracia Cabem Todas as Cores”, movimentos populares e sindicais realizam neste domingo (17) um ato em defesa da democracia e contra o golpe institucional em curso via processo de impeachment, que estará em votação na Câmara dos Deputados. A ação está marcada para iniciar às 13h, na Praça Rui Barbosa, organizada pela Frente Brasil Popular e pelo Fórum de Lutas 29 de Abril. Está prevista a instalação de um telão para transmissão ao vivo da votação.

Segundo a coordenação da Frente Brasil Popular no Paraná, o ato pretende ter clima positivo e pacífico. Serão oferecidas atividades culturais para crianças, como oficiais de contação de histórias, pintura no rosto e pintura a dedo. Confira o evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1600178813637509/

Ato da periferia

Na manhã deste sábado (16), cerca de 500 pessoas realizam uma manifestação no bairro Cidade Industrial de Curitiba (PR). A ação é iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST/PR, que organiza três ocupações urbanas localizadas na vila Sabará. O ato é contra o golpe, por democracia e política de moradia que garanta vida digna para as famílias da região.

Para a coordenadora do Movimento, Sylvia Malatesta, uma virada conservadora resultará no esvaziamento do programa Minha Casa, Minha Vida, em especial na modalidade Entidades, uma vez que tem por objetivo conferir maior protagonismo para os movimentos na gestão urbana. "Os movimentos são os que irão enfrentar as maiores dificuldades caso haja o golpe", garante.

Um coxinhaço marcou o encerramento da manifestação, perto das 12h: "Por meio essa ação lúdica, a gente quer ir para além desse debate de coxinhas e pão com mortadela. Avaliamos que é importante que o povo da periferia entenda e acompanhe o que está acontecendo no nosso país hoje, essa tentativa de golpe, e como afeta a nossa vida".

Aliança inter-religiosa

"Nós temos que unir forças e cada vez mais caminhar juntos contra esse levante conservador e essa onda de ódio que está assolando o Brasil inteiro", diz Márcio Marins, representante do Fórum Paranaense das Religiões de Matriz Africana, um dos participantes do ato inter-religioso em defesa da paz e da democracia, realizado na noite desta sexta-feira (15), na Praça Tiradentes, Centro de Curitiba(PR). Entre as mais de 200 pessoas presentes estavam representantes de religiões de matriz africana, Pastoral Afro, Igreja Anglicana, Igreja Quadrangular, budistas, católicos, evangélicos, muçulmanos e luteranos.

Marins aponta que o golpe pode trazer retrocessos em avanços dos últimos treze anos. Entre as conquistas, Márcio Martins frisa a criação do decreto nº. 6040, que reconhece as comunidades de matriz africana e as religiões de matriz africana e estabelece políticas para esses segmentos da sociedade, além da Lei nº 11.635, que cria o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, fixado em 21 de janeiro.

Pastor Werner Fucks, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, relata que a igreja da qual faz parte percebe a realidade brasileira numa dimensão ecumênica, social e política, três elementos indissociáveis. Segundo o pastor, atualmente a fé é pública, fala para o povo, se comunica e tem algo a dizer para a sociedade, para a organização social, para os governos e para as políticas públicas.

"É por isso que a gente se engaja. A nossa igreja tem muitas manifestações diante dos desafios brasileiros, inclusive nesta questão do impeachment e do risco para a democracia. As igrejas se pronunciam, chamam para a consciência dos seus membros", buscando contribuir para que os fiéis reflitam, tomem decisões ponderadas, com discernimento e capacidade de transformação da sociedade

“Eu estou aqui como muçulmano devoto, sincero e verdadeiro, para dizer que o Brasil não pode ter um golpe, não pode ter retrocesso, não pode ter golpe institucional, não pode ter gente presa na cadeia pelo que pensa, pelo que professa e pelo que defende”, garante Ualid Rabah, membro da comunidade muçulmana e diretor da Federação Árabe-Palestina do Brasil, presente no ato.

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