O Levante Popular da Juventude (LPJ) realizou, entre a última quinta-feira e o domingo (24), ao menos sete protestos em frente às casas ou escritórios de parlamentares que votaram favoravelmente à admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados. As ações fazem parte de uma campanha chamada “Escrache um Golpista”, que teve como principal alvo o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e aconteceram em diversos municípios do país.
“O objetivo é denunciar os políticos que estão cumprindo o papel de golpistas”, afirma Laryssa Sampaio, do Levante de São Paulo. “A gente não vai deixar eles tramarem o golpe tranquilamente”, complementa.
Vice-presidente
Em São Paulo, o protesto foi realizado na manhã da quinta-feira (21) em frente à casa de Temer, na zona oeste da cidade. Réplicas da capa da Constituição Federal foram depositadas na calçada do imóvel.
Segundo o movimento, o peemedebista se utiliza de seu cargo para viabilizar a queda de Dilma e um eventual governo Temer. Sampaio diz que ele já articula “mudanças na composição dos ministérios, nos planos de governo, nos planos econômicos”.
Após o protesto na capital paulista, Temer decidiu voltar a Brasília. O Levante Popular da Juventude, entretanto, promoveu um segundo escracho no Planalto Central. Manifestantes realizaram um ato em frente ao Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, no sábado (23). O local foi batizado como “QG [quartel-general] do Golpe”.
“Ele está confabulando o golpe à luz do dia, em conjunto com Eduardo Cunha [PMDB-RJ]”, diz Rodrigo Almeida, do Levante no Distrito Federal. Almeida afirma que um possível governo Temer não teria relação nenhuma com o “combate à corrupção”. Além disso, critica as propostas que o peemedebista vem defendendo: “Ele lançou seu programa, Ponte para o Futuro. Ali estão colocados vários retrocessos para a classe trabalhadora. Nós temos chamado de 'Ponte para o Retrocesso'”.
Deputados
No sábado, militantes também protestaram em frente à casa do deputado Vitor Valim (PMDB-CE), em Fortaleza. Outro alvo na mesma data foi Herculano Passos (PSD-SP): cartazes contra o impeachment presidencial foram colados nas proximidades de seu escritório político em Itu, interior de São Paulo.
Já no domingo, o LPJ no Rio de Janeiro realizou um protesto em frente ao condomínio em que mora o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O voto dele a favor do impeachment fez referências ao golpe militar de 1964 e apologia a um torturador. Por isso, os manifestantes o associaram à figura do ditador nazista Adolf Hitler.
Nas redes sociais, o parlamentar chegou a postar mensagens com ameaças aos militantes do Levante, dizendo que se “invadissem suas propriedade” não sairiam de lá.
O escritório político do deputado Tenente Lúcio (PSB-MG), localizado em Uberlândia, no interior mineiro, também foi escrachado neste dia, assim como a chácara de Carlos Sampaio (PSDB-SP), em Campinas (SP).
Em Aracaju (SE), também no domingo, o movimento protestou contra André Moura (PSC-SE), parlamentar apoiador do impeachment. O Levante afirma que o parlamentar enfrenta seis processos no Supremo Tribunal Federal, acusado de corrupção.
Outro lado
Todos os políticos citados foram procurados para comentar os protestos promovidos pelo Levante Popular da Juventude. Não houve nenhum retorno até o momento em que esta reportagem foi publicada.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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