Quase dois anos depois de estrear seu canal no YouTube, Julia Tolezano, mais conhecida como Jout Jout, se tornou referência das discussões sobre feminismo nas redes. Somente com o vídeo “Não tira o batom vermelho”, Jout Jout alcançou mais de 2 milhões de visualizações ao apresentar a discussão sobre relacionamentos abusivos de forma simples e didática.
Ao Brasil de Fato, a youtuber conta como o feminismo entrou em sua vida e sobre sua importância para todas as pessoas.
Brasil de Fato - Quando você se reconheceu feminista?
Jout Jout - A gente está em contato com o feminismo desde sempre, mas sem esse nome. Quando comecei a fazer o vídeo, as pessoas que viam me procuravam para falar que eu era feminista, só que eu não tinha percebido isso. Então, fui pesquisar sobre, vi vídeos, li uns textos e uns livros. Hoje me considero totalmente feminista.
Brasil de Fato - Como acredita que ajuda as mulheres que te assistem?
Na verdade, eu acho que falo muito o que as pessoas já sabem, mas vão ignorando, porque é mais fácil ignorar. Acho que quando as mulheres percebem que não é só com elas, que tem um monte de gente passando pelas mesmas coisas, que estamos todas juntas e na luta, então se sentem abraçadas. E acho que esse se sentir abraçada é um primeiro passo para se empoderar.
Brasil de Fato - Você acredita que é uma referência feminista?
Não sei dessa coisa de símbolo, mas sem dúvida formamos uma irmandade com o canal. As mulheres estão se unindo muito. Eu tenho falado muito de coisas que estamos conversando juntas nos bares, na faculdade, no trabalho. Muita gente se identifica, o que já é uma super responsabilidade.
Brasil de Fato - Acha que está mais comum falar sobre feminismo hoje?
Muita gente está chegando junto, mas ainda tem muito preconceito. O feminismo está mais por aí, com certeza. Está super frequente em coletivos e nas discussões dos jovens. Acho que essa geração que hoje tem uns 15 anos vai ser porreta.
Brasil de Fato - Recentemente você virou embaixadora do YouTube em um projeto para estimular mulheres a fazerem vídeos. Como foi?
O que aconteceu foi que o YouTube fez uma pesquisa e viu que a maioria dos criadores de conteúdo eram homens - menos de 30% eram mulheres. Então se perguntaram: “cadê as moças aqui junto?”. Aí eles criaram esse projeto com vários vídeos, que foram postados em muitos canais de mulheres, para um empoderamento geral. Discutimos muitas coisas, vários tipos de impedimentos que a gente se coloca e não é para colocar. A ideia é meio que falar: “moças, não precisam ficar desse jeito, é para vocês estarem aqui também. É para vocês estarem em todos os lugares”. Na verdade, o impedimento não existe, é a gente que cria.
Brasil de Fato - Seu público não é só feminino e é muito diverso. Como consegue se comunicar com tantas pessoas?
Nossa, tem gente de tudo quanto é tipo. É engraçado isso. Uma vez eu estava numa padaria e umas meninas que estavam indo para a escola vieram falar comigo. Em seguida, um cara que é porteiro de um prédio perto da padaria também me abordou para dizer que me acompanha e acha legal o que eu faço. Acho que a mensagem de que está todo mundo mal, mas vai ficar tudo bem no final, está chegando para muita gente.
Brasil de Fato - Como é o livro que você está lançando, o Tá todo mundo mal?
É maravilhoso. É livro de crises. Fiquei um ano escrevendo em segredo completo. Várias editoras me procuraram depois do vídeo “Não tira o batom vermelho” (o mais acessado do canal de Jout Jout). Não queria escrever uma autobiografia porque não vivi quase nada no alto dos meus 25 anos, então eu resolvi fazer um livro só sobre crises. É um pouco como a filosofia do canal, as crises fazem parte da vida de todo mundo.
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