Arena Pernambuco

Alvo da PF, Arena Pernambuco tem futuro incerto

Aliança entre PSB e construtoras gera prejuízo milionário aos cofres públicos

Recife |
A Arena Pernambuco corre o risco de fechar
A Arena Pernambuco corre o risco de fechar - Divulgação Itaipava Arena Pernambuco

No dia 4 de março o Governo do Estado divulgou à imprensa sua decisão de romper o contrato com o Consórcio Arena Pernambuco Negócios e Participações, composto por empresas do grupo Odebrecht. No entanto, dois meses se passaram e o contrato ainda não foi rescindido. O governo busca acordo com a empreiteira para evitar o rompimento unilateral do contrato, o que geraria uma multa ao estado. Destino do empreendimento segue incerto, assim como sua utilidade ao povo pernambucano.

O Náutico, que manda seus jogos na Arena, já faz os cálculos para reativar o estádio dos Aflitos, enquanto Santa Cruz e Sport se distanciam ainda mais, evitando mandar jogos no estádio. Em entrevista a uma rádio local, no início de abril, o vice-governador Raul Henry (PMDB) afirmou que após a rescisão haverá uma nova licitação internacional. Caso não haja interessados, disse Henry, a Arena pode fechar. A manutenção do estádio é estimada em R$ 510 mil mensais. Para anunciar que romperia o contrato o governo se baseou num estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A análise da fundação aponta dificuldades em tornar o empreendimento viável economicamente e prevê danos aos cofres públicos.

O cenário é consequência do acordo firmado entre Governo de Pernambuco e o Consórcio Arena/Odebrecht. No contrato a gestão estadual se comprometeu a garantir, pagando com dinheiro público, o valor de arrecadação superestimado pela empreiteira. O cálculo realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) prevê dano de R$ 1,9 bilhão aos cofres públicos. O governo se defende afirmando que todos os contratos foram aprovados pelo TCE e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

PF INVESTIGA CONTRATO
Em agosto de 2015 a Polícia Federal deflagrou a Operação Fair Play (Jogo Limpo), investigando suposto esquema de corrupção na construção da Arena Pernambuco. Entre as denúncias, a PF acusa Governo de Pernambuco de haver dado vantagem indevida ao Consórcio no processo de licitação, além de juntos haverem superfaturado em R$ 42,8 milhões o contrato (o valor atualizado é de R$ 70 milhões).

Tal contrato foi elaborado pelo Comitê Gestor de Parceria Público-Privada (CGPP) do governo estadual, composto pelos secretários de Planejamento e de Administração, que eram respectivamente Geraldo Julio e Paulo Câmara. O documento leva ainda as assinaturas do ex-governador Eduardo Campos, falecido; e do então procurador-geral do estado, Tadeu Alencar, hoje deputado federal. Todos são filiados ao PSB. Nos anos posteriores à assinatura do contrato a Odebrecht fez doações milionárias ao partido, inclusive financiando diretamente as recentes campanhas que elegeram Paulo Câmara e Tadeu Alencar.

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