Esportes

Série de filmes mostra outra realidade das Olimpíadas

Quatro vídeos revelam o impacto da Olimpíada sobre a população negra e pobre do Rio

Rio de Janeiro |
Manifestação do MTST na praia do Leblon será exibida em "Contagem Regressiva"
Manifestação do MTST na praia do Leblon será exibida em "Contagem Regressiva" - Couro de Rato

Nesta quinta-feira (5) estreia, na internet, uma série de quatro episódios sobre os impactos dos Jogos Olímpicos na vida de milhares de cariocas que perderam suas casas, mercadorias e referências desde o anúncio do Rio como sede, em 2009.

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Por uma iniciativa da Justiça Global, organização atuante na questão dos direitos humanos, e da produtora Couro de Rato, chega à rede série Contagem Regressiva. Os documentários contaram diversas histórias que se cruzam em uma única, a das violações a direitos fundamentais do povo negro e pobre do Rio de Janeiro. 

São retratadas histórias de luta e resistência de comunidades removidas ou ameaçadas de despejo, de camelôs agredidos e impedidos de trabalhar nas ruas. O filme mostra uma cidade-negócio forjada pela prefeitura e de homens e mulheres segregados por sua cor e condição social nas favelas.

Três etapas

O primeiro, que será lançado nesta semana, é sobre as remoções violentas que ocorrem na cidade olímpica. Entre as histórias contadas nos filmes, está a de Jorge, que encontra o local onde ficava sua casa, em meio ao matagal, na área que se transformou, às margens do BRT Transoeste. Irmã Fátima, que lutou pela manutenção das casas da Estradinha Botafogo, na Ladeira dos Tabajaras, na zona sul. Francis, a mulher que viu a comunidade do Metrô Mangueira, onde morava, desaparecer e sua vizinhança ser obrigada a se mudar para Cosmos, na zona oeste, a mais de 50 km de distância.

No mês de junho, o tema tratado pela série é o controle social exercido pela repressão aos ambulantes, pela política de segurança pública do governo do estado. A mesma política que transformou as favelas da cidade em áreas militares, também sujeitou ambulantes à violência e à humilhação.

Segue-se um capítulo dedicado à zona portuária da cidade, exibido a partir de julho. Uma área pública da cidade que foi entregue para a gestão privada.

Em agosto, o último capítulo da série trará um episódio sobre mobilidade urbana, que questiona a política de expansão do transporte para áreas menos habitadas. Além disso, condena áreas mais populosas à longa espera, à superlotação e, em especial, ao assédio sexual cometido contra as mulheres que usam o serviço de transporte da cidade nestas condições.

Problema olímpico

Segundo o diretor da série, Luis Carlos de Alencar, o objetivo é conscientizar as pessoas. "Queremos mostrar os impactos terríveis dos Jogos Olímpicos na vida de uma parcela significativa da população, formada especialmente por negros e pobres nas áreas periféricas do Rio", diz. Outra questão levantada nos documentários é a necessidade destas comunidades se organizarem para resistir às violações de direitos cometidas em nome dos megaeventos.

Após a estreia dos quatro episódios, existe a possibilidade da produção de um longa-metragem sobre o mesmo tema. Porém, com uma abordagem mais aprofundada sobre esses temas, que  provoque a reflexão sobre eles e as histórias de luta das personagens e a violência cometida pelo poder público neste processo de preparação para os Jogos.

 

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