A 6ª edição da Mostra Mario Pazini de Teatro do Gueto traz um circuito de apresentações gratuitas de coletivos que desenvolvem trabalhos no eixo cultural da periferia da região metropolitana de São Paulo. O evento acontece entre os dias 28 de abril a 15 de maio, em Taboão da Serra (SP), e é organizado pelo Espaço Clariô.
Com a ideia de refletir sobre a "produção artística do gueto", a estética e discursos das comunidades afastadas dos grandes centros, a mostra compartilha com a comunidade com outros artistas, bem como com a comunidade, a ideia de uma cultura politizada. A pretensão é "fortalecer o movimento de cultura periférica, a necessidade de resistência e a possibilidade de reconhecimento de uma arte autêntica ainda que marginalizada", segundo a organização do evento.
Dentro da programação da mostra se destacam apresentações de coletivos de teatros (infantis e adultos), dança, música, saraus e também artistas plásticos, cineastas e escritores que discutam de alguma forma a arte "produzida pela periferia, na periferia e para a periferia".
O Espaço Clariô existe há 10 anos e tenta preencher a brecha deixada pelo Estado no fomento à produção cultural na periferia. Além disso, o grupo tenta levar às suas obras discussões relevantes a seu público alvo, como questões referentes à desigualdade social e à violência policial.
"Nossa ideia é promover a inclusão cultural e social. Queremos fortalecer o movimento de cultura na periferia que já é muito rico. Pensamos também conteúdos que atinjam as comunidades pobres, como por exemplo, o extermínio da juventude negra e a violência contra as mulheres", conta Naruna Costa, atriz e diretora do Grupo Clariô.
A Mostra já ganhou o prêmio Governador do Estado de São Paulo, em 2013, na categoria Inclusão Social e acolhe dezenas de coletivos teatrais de diferentes localidades paulistanas e até de fora do Estado, como na última edição, com grupos do Rio de Janeiro e Recife.
"A gente pensa em como produzir um teatro fora da lógica do mercado, fora do eixo teatral da grande metrópole. A ideia é tentar unir todos os guetos para fortalecer esse movimento. Isso, para a periferia, é fundamental, porque a cultura é um espaço de se pensar o ser humano na sociedade em que vivemos", diz Naruna.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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