Linha 4 do Metrô é um buraco sem fundo de recursos públicos
A falência do Estado do Rio de Janeiro não é fruto da crise econômica que o país atravessa. É evidente que ela piorou a situação, mas as contas do Estado já haviam entrado em colapso muito antes, devido à má gestão dos governos peemedebistas de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.
Entre 2006 e fevereiro de 2014, as dívidas cresceram 69%. Passaram de R$ 48 bilhões para R$ 81,4 bilhões. Os débitos aumentaram tanto que os governos Cabral/Pezão precisaram se endividar cada vez mais para pagar os compromissos anteriores.
Dívida da dívida
Em 2007, Cabral assumiu, e, em 2014, o governo enviou à Assembleia Legislativa 47 pedidos de autorização para contratar empréstimos, o equivalente a R$ 25 bilhões. O dinheiro não serviu para melhorar a vida das pessoas e os serviços de saúde, transporte, educação e saneamento básico.
Recentemente, o governo do Rio de Janeiro anunciou que poderia parcelar o pagamento dos salários dos servidores públicos ativos e aposentados.
Enquanto isso, o governo encaminha ao BNDES pedido de financiamento de R$ 1,2 bilhão para as obras da Linha 4 do Metrô, que são um buraco sem fundo de recursos públicos. O valor inicial da obra dobrou. Passou de R$ 5 bilhões para R$ 10,3 bilhões.
O consórcio responsável pela obra, o Rio Barra, é formado pelas construtoras Queiroz Galvão, Odebrecht e Carioca Engenharia. As duas primeiras estão envolvidas nas denúncias da Lava Jato.
Outra empresa envolvida com o governo do Rio de Janeiro e em escândalos de corrupção é a Andrade Gutierrez. Um de seus executivos admitiu que pagou propina para realizar diversas obras, entre elas a reforma do Maracanã e a construção do Comperj. Na delação premiada na Lava Jato, os executivos da empresa citaram Sérgio Cabral como um dos beneficiários do suborno.
Crise produzida
Portanto, a crise que o Rio de Janeiro enfrenta hoje não é um fenômeno de 2015. Ela vem sendo gestada ao longo dos nove anos da política econômica dos governos do PMDB. Agora, Pezão usa a desaceleração da economia como desculpa para tentar encobrir a responsabilidade que seu partido tem.
Mario Augusto Jakobskind é jornalista
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