INTERNET

WhatsApp propõe mais segurança de informações

Sistema de criptografia pretende resolver problemas com a Justiça, que estão levando a bloqueio do aplicativo

Belo Horizonte |
"A criptografia não torna o WhatsApp imune", afirma advogado
"A criptografia não torna o WhatsApp imune", afirma advogado - Divulgação

Na última semana, os usuários brasileiros do WhatsApp foram surpreendidos, mais uma vez, pela sua suspensão. O serviço ficou indisponível por quase 24 horas por determinação do juiz Marcel Montalvão, de Sergipe. Ele pedia que o Facebook, dono do WhatsApp, liberasse informações para uma investigação de tráfico de drogas. Mas a requisição negada pelo WhatsApp.
Para resolver esse tipo de problema, a empresa aposta na “Criptografia de ponta a ponta” implantada há um mês no Brasil. O mecanismo funcionaria como um codificador que protege as mensagens trocadas entre os usuários. Assim, o aplicativo não teria mais acesso às informações, segundo informa a empresa.
A criptografia é uma das maneiras de se evitar o acesso a informações confidenciais por parte foi de terceiros, como governos e empresas. Apenas as pessoas às quais as informações são destinadas conseguem compreendê-las, de acordo com o artigo “Um estudo sobre criptografia e assinatura digital”, dos pesquisadores Fernando Antonio Mota Trinta e Rodrigo Cavalcanti de Macêdo.
No WhatsApp, “mensagens são criptografadas com um cadeado único, em que somente você e o destinatário possuem uma chave especial para abrir e ler a mensagem”, diz a nota oficial.

Protege mesmo? 
“A criptografia é mais um instrumento de segurança, mas não torna o WhatsApp imune”, afirma o advogado Francisco Brito Cruz, diretor do Internet Lab. “A gente não sabe qual a natureza da criptografia, como funciona exatamente, mas qualquer mecanismo de segurança tem formas de ser revertido”, alerta, embora acredite que a mudança é favorável aos usuários.
O hacker Uirá Porã explica que os programas podem ser comparados a um bolo. “Quando se compra um bolo na padaria, podemos até saber os ingredientes, mas não temos certeza de que como foi feito. Mas um bolo que faz em sua casa você pode inclusive mudar a receita”, diz. A mesma coisa acontece com os softwares. O WhatsApp e outros aplicativos dizem que são seguros, mas a “receita”, ou seja, o código, é fechado e ninguém vê como é feito.

Privacidade é garantida pelo Marco Civil

No último mês, o Centro para a Governança Internacional de Inovação (CIGI) divulgou pesquisa feita com internautas de 24 países, entre eles o Brasil, sobre as percepções de segurança de informações. Dos entrevistados, 83% acreditam que são necessárias novas regras de como empresas e governos podem utilizar seus dados, e 57% estão mais preocupados com o tema comparado ao último ano.
A privacidade é tema garantido na legislação brasileira, no Marco Civil da Internet, Lei 12.945/2014. O artigo 7º da lei prevê que usuários de internet possuem o direito à “inviolabilidade da intimidade e da vida privada” e a “inviolabilidade e sigilo do fluxo das suas comunicações pela internet”. O Marco prevê que é necessário ordem judicial para o fornecimento de comunicaçoes privadas.

Alternativas ao WhatsApp

Na opinião do hacker Uirá Porã, em tema de funcionalidade e segurança, dois aplicativos se desatacam. Um deles é o Telegram, que acabou ficando famoso nos últimos dias por ter roubado milhões de usuários do WhatsApp. O Telegram possui a versão web e a versão celular, com chats criptografados e que se “autodestroem” no tempo programado.
O segundo é o Signal, que possui código aberto e é indicado por Eduard Snowden, ex-agente da CIA que denunciou esquemas de vigilância dos Estados Unidos. O aplicativo também possui mensagens criptografadas. A versão web está em fase de aprimoramento.

 

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