Movimentos populares, Sindicatos e trabalhadores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estão unidos contra o desmonte da empresa pública. Em entrevistas concedidas à imprensa, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), fala em vender armazéns, estoques e promover uma grande reforma administrativa no órgão. Essas mudanças podem trazer prejuízos, não só para o corpo funcional, mas à sociedade como um todo.
Para evitar que isso aconteça, os trabalhadores da Conab, com o apoio do Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Pernambuco, (Sindsep-PE), estão realizando algumas atividades. A categoria participou do Dia Nacional de Paralisação, no 10 de maio, convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Frente Brasil Popular. Eles também estavam presentes na passeata do 1º de Maio, no Recife. Um dia antes, 30 de abril, realizaram uma roda de diálogo na Tenda dos Movimentos Sociais, no Acampamento Popular e Permanente pela Democracia, na praça do Derby, em busca de apoio.
A dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco, Marinez Torres, já garantiu apoio ao movimento aos trabalhadores da Conab. Para ela, existem mais interesses por trás do desmonte da Companhia: “Vamos fazer de tudo para que isso não aconteça. Não querem só atingir a Conab. Querem atingir os movimentos sociais”.
O movimento sindical também não abre mão dos avanços obtidos nos últimos anos. “Lembro que as Frentes de Emergência da era Fernando Henrique Cardoso nos repassavam comida de péssima qualidade. Até hoje, lembro do feijão duro que levava muito tempo para cozinhar. Éramos tratados como escravos. Hoje, a Conab garante alimento de qualidade para as pessoas de baixa renda", destacou o presidente da CUT-PE, Carlos Veras, que tem sua origem no campo como trabalhador rural.
Os trabalhadores da Companhia também não enxergam com bons olhos essas mudanças. “Como pode um órgão de armazenamento sem armazéns? Vamos nos transformar numa agência de inteligência a serviço do agronegócio”, criticou Valdir Ferreira, funcionário do orgão. “Se a ideia é reduzir, é possível que se demita. Já sofremos bastante com o sucateamento promovido pelo governo Collor”, lembra Sérgio Viana, também funcionário e diretor do Sindsep-PE.
Missão - “A Conab tem como missão contribuir para a regularidade do abastecimento e garantia de renda ao produtor rural, se o agronegócio sobe os preços, o órgão libera estoque armazenado evitando valores altos”, explica o trabalhador da Conab, Robson Souza. Do contrário, se o agronegócio baixar os preços de forma exorbitante, a Conab compra a produção da agricultura familiar a preço justo evitando prejuízos.
Além disso, a companhia participa da formulação e execução das políticas públicas e de abastecimento, promovendo assistência social por meio da agricultura familiar. A empresa é reconhecida internacionalmente pelo trabalho desenvolvido, sendo visitada por delegações de diversos países que levam informações sobre as ações desenvolvidas por aqui.
Por ter essa missão social, a Conab está na mira do agronegócio que, diga-se de passagem, tem uma bancada robusta no Congresso. Se com Kátia Abreu está ruim, com Michel Temer pode ficar pior. No programa de governo do PMDB, “A ponte para o futuro”, a ideia é privatizar empresas públicas e acabar com programas sociais importantes.
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