A economista Maria Silvia Bastos Marques foi indicada pelo presidente interino Michel Temer para presidir o BNDES. A escolha procura aplacar as críticas ao governo recém-empossado, após o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, na última quinta-feira (12). Pegou mal até no Brasil e no mundo a exclusão de negros e mulheres do ministério.
Mas se a nomeação de Maria Silvia procura remediar o problema de gênero, não diminui as suspeitas de que esteja por vir uma ofensiva em termos de privatizações. A economista já atuou, nos anos 1990, como assessora especial para assuntos de desestatização do BNDES, da área financeira e internacional do banco. Na era das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), a instituição teve como diretora de desestatização outra mulher, Elena Landau.
A economista presidiu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entre 1999 e 2002. A empresa de origem estatal foi uma das primeiras a ir a leilão, ainda no governo Itamar Franco (1993). Itamar não era um entusiasta do programa criado por seu antecessor, Fernando Collor de Mello. Mas seu sucessor, FHC, retomou e acelerou o processo. Sob a gestão tucana, o BNDES atuou fortemente em privatizações como as do Sistema Telebras, Embraer, Vale, companhias energéticas, bancos estaduais.
O programa arrecadou US$ 78,6 bilhões nos leilões, mas não impediu o avanço da dívida pública de R$ 60 bilhões em junho de 1994 para R$ 245 bilhões no final do primeiro mandato de FHC, em 1998.
O ministro do Planejamento, Romero Jucá, disse que Maria Silvia tem experiência. “É um convite para colocar alguém competente, experiente, que tem toda condição de fazer um grande trabalho no BNDES. Então, o presidente Michel entendeu de convidá-la. E eu considero uma ótima escolha.”
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