O Recife foi berço do Movimento Manguebeat, que surgiu no início da década de 1990 e teve como principais idealizadores Chico Science, Fred Zero Quatro, Renato L, Mabuse e Hélder Aragão. O ritmo mistura elementos da cultura regional de Pernambuco como maracatu rural e coco, com a cultura pop, principalmente o rock e o hip-hop. Apesar da morte precoce do seu principal representante, Chico, o movimento continua influenciando a cena cultural pernambucana e deixa como legado a ressignificação da cultura popular.
O termo manguebeat é fruto de uma junção da palavra mangue, que designa um ecossistema típico da nossa região, com a palavra beat, do inglês, que significa batida. O caranguejo, que é capturado e vendido por trabalhadores da região, tornou-se o símbolo do movimento cultural.
A denominação pretendia tornar clara a proposta do manifesto “Caranguejos com cérebro”, no qual Fred Zero Quatro, líder da banda Mundo Livre S/A, afirma que as “artérias” da cultura do Recife estavam “bloqueadas” e que a cidade “estava morrendo” econômica e culturalmente. Por isso, era preciso revitalizar a cultura da cidade, misturando o tradicional com o moderno.
Abissal, coordenador do Maracatu Real da Várzea do Capibaribe, que existe há 18 anos, ressalta a importância do Manguebeat para a cultura popular naquele momento. Ele, que sempre se declara fã de Chico Science e canta suas músicas nas apresentações do grupo, afirma: “O movimento fez ressurgir a cultura de Pernambuco. O maracatu era altamente discriminado, desde a década de 1940, e tido como coisa de pobre, fedido. Quando surge o movimento há um resgate e valorização dessa cultura”.
Abissal ainda completa: “Chico botou a bandeira de Pernambuco no lugar mais valorizado. Depois da sua morte, muita gente ficou órfã. Mas o seu legado é muito grande. Os jovens de hoje participam de grupos de maracatu e coco com gosto. Valorizam e se esforçam para fortalecer seus grupos”.
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