O Partido dos Trabalhadores (PT) não apoiará no pleito municipal deste ano candidatos que tenham votado pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff ou que tenham defendido publicamente o afastamento dela. A prioridade será estabelecer diálogo com partidos do campo democrático e popular. Entretanto, não há objeção a alianças com políticos do PMDB que tenham sido contrários ao processo de impedimento.
A decisão foi anunciada pelo presidente da legenda, Rui Falcão, em entrevista coletiva concedida à imprensa na tarde desta terça (17), em Brasília (DF), após reunião do diretório nacional do partido.
Esse é o objeto de uma das duas resoluções aprovadas durante o encontro, ao qual compareceram, além de membros do diretório, parlamentares, ex-ministros, presidentes estaduais da sigla e o governador do Piauí, Wellington Dias.
“Está claro que o debate eleitoral deste ano não se dará nos mesmos quadros das eleições municipais de 2012. (...) Nós vamos dirigir todos os esforços de alianças aos partidos do campo democrático e popular e estender esse diálogo para partidos ou setores partidários que, avaliados caso a caso, possam construir conosco programas de governo comuns”, declarou Falcão. Ele acrescentou ainda que será dada prioridade a alianças com o PCdoB e o PDT.
E o PMDB?
A declaração do presidente sinaliza, portanto, que o PT poderá costurar alianças com candidatos cujo partido esteja entre as legendas cuja maioria apoiou o afastamento de Dilma.
“Se alguém do PMDB que não tenha apoiado o impeachment e que priorize a área social, o Orçamento Participativo... Que abra o debate, tenha transparência, e quiser participar conosco de uma chapa, não haverá objeção”, afirmou Rui.
Ele informou ainda que o partido busca candidaturas de jovens, mulheres, negros e militantes dos diversos movimentos populares. “Queremos crescer sem perder a identidade”, disse.
Discurso antigolpe
A segunda resolução editada na reunião trata sobre a conjuntura política e, conforme já era previsto, assinala que a ênfase no discurso “antigolpe” será a tônica das ações do PT neste período de até 180 dias em que Dilma deve ficar fora do Palácio do Planalto.
“Ela foi afastada sem qualquer base legal, sem qualquer tipo de crime e sem qualquer acusação de corrupção ou de recebimento de propina. Reiteramos, portanto, que vamos continuar combatendo o golpe”, salientou Falcão na coletiva. A tática do partido agora é, segundo ele, combinar mobilizações e um trabalho de convencimento junto aos senadores para lutar pelo mandato da presidenta afastada.
“Nós não só não reconhecemos esse governo como vamos fazer oposição no sentido de impedir a retirada de direitos conquistados, de impedir novas violações ao sistema democrático e de inviabilizar o governo porque nós queremos a volta da presidenta eleita democraticamente”, declarou Rui.
Segundo ele, caso vença a pauta do impeachment, o PT vai sugerir que Dilma proponha ao país uma nova agenda, mais aberta ao diálogo e baseada em um plano econômico que restabeleça a ordem e na reforma política.
Constituinte?
Diante da atual conjuntura, vem tomando corpo entre grupos de esquerda o debate sobre um possível plebiscito para a formação de uma assembleia constituinte exclusiva para reforma política.
Questionado sobre o posicionamento do PT a respeito do assunto, Rui Falcão foi reticente. “Há uma mutiplicação de propostas que precisam ser mais bem avaliadas quando a conjuntura da sociedade abrir espaço pra isso”, afirmou, acrescentando que o tema não estaria no centro da estratégia institucional neste momento.
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