Em reunião com dirigentes dos movimentos que compõem a Frente Brasil Popular (FBP) na manhã deste sábado (21), em São Paulo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que acredita que Dilma Rousseff retornará ao posto de presidenta da República. Segundo ele, a tarefa de convencer pelo menos seis senadores será factível, já que, na próxima votação, os parlamentares deverão se ater ao mérito do julgamento.
O objetivo do encontro foi debater as próximas mobilizações unificadas contra o impeachment de Dilma e o governo interino de Michel Temer. Estavam reunidos representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto (MST) e de outras 60 entidades sindicais e dos movimentos populares.
Após comentar a conjuntura política, Lula também se colocou à disposição para as tarefas de luta da FBP.
Senado insatisfeito
O ex-presidente avalia que o comportamento do presidente interino, de desmontar a estrutura de governo e revogar medidas do governo Dilma durante seu afastamento, deixou senadores descontentes. Para ele, Temer "golpeou a decisão do Senado", que decidiu pela admissibilidade do impeachment e a afastou do cargo temporariamente.
"E se daqui 50 dias Dilma volta? Ele [Temer] desmontou o governo e as empresas estatais", criticou Lula. "É como se eu fosse viajar e deixasse minha casa aos cuidados de alguém provisoriamente, e ele vendesse e alterasse tudo lá dentro", brincou.
Por esta razão e pelas nomeações ministeriais do peemedebista, Lula avalia que "é capaz que se encontre senadores revoltados" com a atual situação política do governo. Neste cenário, ele propõe que o convencimento dos parlamentares deve ser um trabalho a ser feito por Dilma e pelos senadores que se posicionaram contra o impeachment.
Ministérios
Lula criticou a nomeação de ministros de Temer, entre eles o atual ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Marcos Pereira, que afirmou que não falaria o que pensa sobre as questões que envolvem sua pasta por ser "segredo de Estado". “Na verdade, ele não sabe nem como se aperta um parafuso”, ironizou o ex-presidente.
O ex-presidente Lula alertou ainda que devemos ampliar e apoiar todas as mobilizações possíveis, já que existe a possibilidade de Ricardo Lewandowski finalizar o processo de impeachment até o dia em que seu mandato como presidente do Supremo Tribunal Federal termina, em 10 de setembro. A partir desta data, o comando da Corte passará para a ministra Cármen Lúcia.
Calendário
Durante o encontro, a FBP anunciou que está preparando um calendário de lutas para os próximos dias. Em 31 de maio e 1º de junho, haverá atos pela defesa da Previdência Social em todo o país.
A presidenta Dilma planeja participar das mobilizações, como na última sexta (20), quando participou do Encontro de Blogueiros em Belo Horizonte. Sua próxima participação deverá ser também no dia 1º, quando ela entregará sua defesa ao Senado em Brasília (DF). O ato será acompanhado de manifestações na capital federal.
Por fim, está marcada uma Mobilização Nacional do Campo e da Cidade para os dias 8 e 9 de junho (quarta e quinta), a ser convocada junto à Frente Povo Sem Medo.
*Edição: Camila Rodrigues da Silva
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