Os carteiros já sentem saudade do tempo em que o pior inimigo da categoria eram os cachorros. Agora eles enfrentam nas ruas o perigo dos roubos, assaltos à mão armada e até sequestros. O Rio de Janeiro já aparece como uma das cidades mais perigosas para esses profissionais. Em 2015 foram registrados cinco mil roubos a carteiros no país, dos quais 2.474 aconteceram na capital fluminense.
O aumento dos roubos chegou junto com o crescimento de vendas pela internet, principalmente de objetos eletrônicos. Mais de 57 mil produtos deixaram de ser entregues em todo o país em 2015.
Assaltos e sequestros
Segundo Ronaldo Martins, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro, cerca de 150 funcionários estão afastados por algum trauma decorrente de assaltos ou sequestros relâmpagos. “Ficamos dois anos sem escolta armada devido ao vencimento do contrato com empresas de segurança. Isso só foi solucionado em abril desse ano. Além disso, houve falhas dos órgãos públicos de segurança do estado”, denuncia.
Outra reclamação da categoria são as condições de trabalho. “Toda a parte operacional está sucateada. A nossa luta é para que a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) continue pública e tenha qualidade. Queremos ter de volta a excelência no serviço, como sempre prestamos”, destaca o sindicalista.
Hoje a empresa opera com déficit de 950 trabalhadores, segundo informações do sindicato. O último concurso público foi realizado em 2011. De lá para cá o trabalhou aumentou e muitos empregados se aposentaram, o que causa sobrecarga ao atual quadro de funcionários.
A empresa informou que serão criados novos Centros de Entrega de Encomendas (CEEs) e as instalações de unidades receberão melhorias. Sobre os assaltos, a direção dos Correios afirma que já existe uma força tarefa em parceria com a Polícia Militar que, nos últimos dois meses, conseguiu reduzir em 38% o número de assaltos, em comparação com o mesmo período de 2015.
Privatização
Depois que o presidente interino Michel Temer declarou que vai privatizar “tudo o que for possível”, os trabalhadores ficaram em alerta. De fato, os Correios estão no topo da lista das empresas que o novo governo pretende vender.
“Atualmente, a ECT leva serviço a quem precisa. Já com a privatização, terá como prioridade o lucro”, divulgou, em nota, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (FENTECT).
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