Desde as primeiras horas de seu segundo mandato, a Presidenta Dilma Rousseff e seu governo vinham sofrendo um ataque massivo das forças de oposição com pedido de recontagem de votos, de auditoria nas urnas, que culminaram com a aprovação da abertura do processo de impeachment e afastamento da presidenta eleita com 54 milhões de votos.
Sem fundamento jurídico, pois não há crime de responsabilidade, o afastamento da Presidenta Dilma Rousseff e o governo interino de Michel Temer representam, sim, um golpe institucional midiático que fica mais escancarado com a divulgação da gravação, envolvendo o ministro afastado do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Pode-se deduzir da conversa vazada tratar-se de uma manobra de tomada do poder. Uma articulação das bancas financeiras internacional e nacional, com o apoio de segmentos do empresariado e da população – razão dos movimentos de rua patrocinados por eles – para avançar sobre nossas riquezas do pré-sal (as maiores reservas de óleo e gás do mundo), privatizar outras empresas, a previdência social, tirar direitos dos trabalhadores, barrar conquistas.
As nossas reservas minerárias são o interesse maior do capital internacional além, é claro, dos lucros que poderão advir dos planos privados de saúde com os cortes e enfraquecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), do desmantelamento da previdência pública, substituída pelo mercado privado. É isto que está em jogo e que a população já começa a compreender a agenda entreguista e golpista de Michel Temer.
É preciso que a corrupção seja combatida, os acusados julgados e, se comprovados os crimes, que sejam punidos com o rigor da lei. E para isso temos um Judiciário dotado de todo o arcabouço para cumprimento de normas e leis judiciais e constitucionais. Mas é preciso, de forma prioritária, neste momento, uma grande reação popular para barrar o golpe em curso contra o Estado Democrático de Direito; contra a autonomia sobre o pré-sal e sobre as conquistas sociais, econômicas e trabalhistas do povo brasileiro.
*Jô Moraes é deputada federal pelo PCdoB de Minas Gerais
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