Alimentos produzidos sem venenos e com muito trabalho. Essa é a especialidade do Serorgânico, um grupo de sete agricultores da cidade de Seropédica, na Baixada Fluminense, que dispensa o uso de agrotóxicos desde 2008. A equipe cultiva itens como aipim, abóbora, batata doce, mamão, ervas medicinais, feijão, milho, flores comestíveis e vários outros vegetais.
A comercialização acontece nas feiras orgânicas na Glória e no bairro do Peixoto, em Copacabana. As duas feiras acontecem todo sábado, das 7h às 13h. Parte da produção também é vendida para a Rede Ecológica, um movimento feito por consumidores que realizam compras coletivas de pequenos produtores agroecológicos.
“No campo não tem parada”. É assim que Iracy Felix, integrante do Serorgânico, de 53 anos, define a rotina corrida de quem vive da agricultura. A equipe trabalha de domingo a domingo. De domingo até quarta, os agricultores capinam na roça, plantam e replantam. Além disso, promovem reuniões, participam de eventos, palestras e atividades de formação.
Já na quinta-feira, o grupo prepara os produtos processados, como geleias e molhos. Mas é na sexta que o ritmo acelera: os agricultores dedicam mais de 15 horas à colheita e ao preparo dos itens mais frágeis, como rúcula, manjericão e alecrim. No sábado, os agricultores saem de Seropédica e se dividem para vender os produtos no Rio.
Agrotóxico mata
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), no período de 2007 a 2011, foram registrados 26.835 casos de intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola. Os agrotóxicos são o terceiro grupo responsável por intoxicações no Brasil, com 11,8% dos casos, ficando atrás apenas dos medicamentos (28,3%) e dos animais peçonhentos (23,7%). No período da pesquisa, o Sinitox registrou 863 mortes causadas por agrotóxicos de uso agrícola.
Dona Fátima Ohara, de 59 anos, trabalha na equipe desde a fundação e vê no cultivo sem agrotóxicos um benefício que não atinge somente as pessoas. “A agricultura orgânica é mais saudável não só para os seres humanos. É para o meio ambiente também”, afirma.
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