A reação o contra o golpe institucional no Brasil ganhou força desde o dia 12 de maio, com a votação do Senado que levou ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Defesa da democracia, de direitos e políticas públicas conquistadas tem sido a intenção comum das diversas formas de resistência ao golpe. A pluralidade dá o tom das inúmeras manifestações.
Nesta edição, o Brasil de Fato apresenta as principais vias de luta pela democracia organizadas em Curitiba.
Movimento Cultura Resiste
A votação no Senado sobre o impeachment ainda não tinha terminado quando um grupo de ativistas da cultura montou vigília em frente ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), em Curitiba. Passadas três semanas, o movimento cultural consolida-se com a marca #CulturaResiste, e continua a ocupação. Pelo menos 24 ocupações com o mesmo caráter foram realizada no Brasil, em especial após o anúncio da extinção do Ministério da Cultura pelo presidente interino. “A nossa luta não é só pela Cultura, a nossa luta é contra todo o retrocesso, é contra o golpe, porque golpista não pode governar", afirma Guilherme Daldin, um dos organizadores do movimento.
Frente Brasil Popular
A Frente Brasil Popular foi criada em setembro de 2015, em Belo Horizonte/MG. No dia 18 de março, organizou um ato de resistência o golpe que levou mais de 20 mil pessoas às ruas de Curitiba. Em âmbito nacional, é composta por mais de 70 organizações, entre movimentos populares, sindicatos, entidades religiosas, coletivos e partidos. "Nossa intenção é potencializar, multiplicar, somar, e dar plena autonomia para as mais diversas formas de resistência que queiram compor a Frente", explica Roberto Baggio, da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST do Paraná, uma das entidades mobilizadoras da articulação. No Paraná, a Frente é articulada pelo Fórum de Lutas 29 de Abril. Está prevista a realização de uma jornada nacional de lutas entre 8 e 10 de junho.
Frente Povo Sem Medo
Lançada em outubro de 2015, em São Paulo, a Frente Povo Sem Medo é uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST. Cerca de 30 movimentos populares compõem a articulação nacional. No cenário atual, unifica-se em ações da Frente Brasil Popular e a outras iniciativas de defesa da democracia. “Não reconhecemos este governo Temer. É um governo que está escrito golpe em tudo que faz e que ataca os direitos do povo”, garante Sylvia Malatesta, coordenadora do MTST/PR.
CWB Contra Temer
A primeira manifestação autônoma contra o governo interino de Michel Temer ocorreu no dia 15 de maio, mobilizada por um grupo de ativistas. O quarto ato está marcado este sábado (4), às 15h, com início na Reitoria da UFPR. As redes sociais são a principal ferramenta de organização as ações, em especial pela página no Facebook CWB Contra Temer. "A gente organiza os atos de uma forma horizontal, autônoma, com uma pluralidade muito grande de pessoas e de pensamentos, para lutar contra o que tem acontecido", garante o Thiago Régis, estudante e integrante do grupo.
Advogados/as pela Democracia
A mobilização de advogados e juristas em geral teve como marco inicial um ato realizado no dia 22 de março, no Salão Nobre Prédio Histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade. O questionamento do argumento jurídico para o impeachment e a denúncia do golpe institucional estão no centro da ação da articulação. Figuras como o Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel e o sociólogo Laymert Garcia dos Santos participaram das mobilizações dos advogados. Carlos Frederico Marés de Souza Filho, professor da PUC/PR e integrante da articulação, explica que a organização nasceu espontaneamente contra o golpe e "pretende existir enquanto houver violação de direitos constitucionais e humanos". A próxima ação prevista é um Tribunal do Golpe.
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