Numa terça-feira à noite, 20 jovens dançarinos ensaiam no auditório da Escola Municipal Belo Horizonte, na Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste da capital. O professor pede concentração absoluta, em uma longa sequência de exercícios intensivos, repetidos à exaustão, durante mais de duas horas. “Quanto mais a gente avança, mais difícil fica. Mas nós somos o grupo Kings”, declara, ao fim do ensaio, o professor Ravagnani de Souza Rodrigues.
Ele aprendeu a dançar com o Cultura do Guetto, grupo de cultura Hip Hop que surgiu há dez anos, por iniciativa do coreógrafo Gladstone Navarro. “Se eu não puder melhorar a vida de outras pessoas com o que eu aprendi, não tem por que mexer com isso”, comenta Ravagnani, que atua voluntariamente.
Gabriele Oliveira tem 15 anos e conhece o Kings desde o surgimento do grupo, há quatro anos. “Eu não tinha vontade de fazer as coisas. Depois que eu criei coragem, deixei de ser fechada, passei a conversar com todo mundo, fazer amizades”. Ela quer ser dançarina profissional.
Os ensaios acontecem às terças e sextas-feiras e o grupo faz parte da vida dos participantes. “Eu não me vejo nos dias de ensaio sem vir aqui treinar com a galera”, relata Washinton Luis, 19 anos, o Xitão.
Quem aprende também quer ensinar. “Quando eu comecei a dançar, não tinha um caminho certo. Começava uma coisa e terminava. Agora, eu fixei em alguma coisa e quero seguir carreira e também dar aula, abrir as portas para outras pessoas”, conta o dançarino João Victor “Spok”, de 17 anos.
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