O Conselho Universitário da UFSCar (Consuni), principal espaço de deliberações da universidade, formado por professores da instituição, reconheceu por unanimidade a greve do movimento estudantil, que iniciou como uma paralisação no último dia 23 de maio. A reunião realizada na tarde de terça-feira (14) aprovou duas moções, uma contrária à prática de retaliação aos alunos participantes da greve e outra em repúdio a quaisquer atos de violência no ambiente universitário.
O Consuni também definiu que "assumirá publicamente o compromisso de, após o fim do movimento, encaminhar a rediscussão do calendário acadêmico frente aos impactos da paralisação/greve". Os alunos estavam receosos sobre possíveis punições a quem aderiu à greve. “Estamos bem preocupados com relação ao assédio moral sofrido por estudantes, por parte dos professores, uma vez que tiramos em assembleia que o professor deverá repor a aula para o aluno grevista”, conta Alexandre Reis, 29, estudante de Letras do campus São Carlos.
Para Jacqueline Sinhoretto, docente do departamento de Sociologia, que desde o início se engajou nas mobilizações, o movimento precisa refletir sobre a eficácia da greve. “Precisamos questionar se esse é o melhor instrumento de pressão”, opina. A professora avalia que para além da atual conjuntura política, as disputas internas dentro da universidade são acirradas pela eminência das eleições para reitoria que ocorrem no dia 26 de junho.
Reivindicações
A paralisação teve início dia 19 de maio, denunciando a ilegitimidade do governo interino de Michael Temer, o corte de bolsas, a extinção de ministérios, a precarização do ensino superior e o pacote de governo do atual Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. No dia 23 de maio, uma assembleia definiu que a paralisação continuaria e no dia 6 de junho, os alunos decidiram pela greve.
Além das pautas gerais, os alunos reivindicam pontos específicos como a cobrança de posicionamento da reitoria sobre as construções inacabadas da universidade e falta de segurança na instituição. Os estudantes, professores e servidores também se posicionam contra a PEC do licenciamento ambiental que, entre outras medidas, visa aumentar o poder decisório das empresas, encurtar prazos para estudos de impactos ambientas, diminuir as exigências de compensações e afastar o diálogo com as populações atingidas. Outra pauta defendida é o repúdio ao projeto “Escola sem partido”, que barra discussões sobre política e religião na sala de aula.
USP e Unicamp
Estudantes da Universidade de São Paulo em São Carlos também optaram pela greve. Segundo o Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (Caaso), os universitários pedem maior transparência nas negociações da universidade. No campus de São Paulo, lideranças creem que esse seja o momento de pressionar pela adesão das cotas no regimento da universidade. Na Unicamp, desde a última segunda-feira (13), a mobilização de docentes e estudantes de alguns cursos, como o de medicina, deliberou também a favor da paralisação.
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