Para reforçar o debate sobre a questão feminina no Brasil, a historiadora Carolina Rocha vem a São Paulo na próxima segunda-feira (20), às 19h, para lançar o livro "O Sabá do Sertão: Feiticeiras, Demônios e Jesuítas no Piauí Colonial (1750-1758)". O lançamento acontece na livraria Martins Fontes, na avenida Paulista. O livro é fruto da dissertação de mestrado da historiadora e trata da religiosidade popular do país e também da "condição subjugada das mulheres, principalmente das negras e indígenas, escravizadas durante a colonização". O livro está disponível para venda online no site da editora Paco Editorial, mas poderá ser adquirido no dia do evento.
"Acredito que a história é muito importante para o movimento feminista, pois podemos entender como foi construído ao longo do tempo a ideia, implícita em todo discurso machista, de que a mulher é o sexo frágil, inferior, que é desequilibrada. E como um ser inferior e errante, ela sempre vai precisar de um tutor masculino", lamenta a autora.
Para Carolina, o Cristianismo foi um elemento importante para a propagação da ideia de inferioridade feminina e que traz consequências até hoje. "O Cristianismo passa a ideia de que a mulher deve ser submissa, primeiro ao pai, que passa isso para o marido, e se a mulher não tiver marido, para Jesus, ou seja, essa mulher deve ir para um convento. A mulher sozinha, independente, que não casou, que não está sob tutela masculina, é uma mulher perigosa", afirma.
Segundo a autora, é isso que dá continuidade à violência contra as mulheres hoje. "Essa ideia de inferioridade feminina, profundamente machista e misógina, diz que os corpos das mulheres são vulneráveis e passíveis de serem violados, agredidos e abusados".
Debate
Durante o lançamento do livro, a autora Carolina Rocha se junta à militante da Marcha Mundial das Mulheres, Mirian Nobre e à feminista e professora da Faculdade Cásper Líbero, Bianca Santana, para um debate sobre "Feitiçaria, Misoginia, Feminismo e Negritude". Elas falarão sobre como o catolicismo, ao longo da história do Brasil, teria contribuído para reafirmar o racismo e o machismo.
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