Colocaram, a custa de muita propina, uma saboneteira no lugar do Maracanã
O bordão de Januário de Oliveira, logo que o jogo começava, nos remete a um tempo onde o futebol do Rio era, além de charmoso, bonito de se ver, de alta qualidade e estádio, em geral, com bom público.
Entenda-se por “bom público” não a quantidade de pessoas presentes no estádio, mas a intimidade dessas pessoas com a arquibancada. Torcedor mesmo, saca?
Tempo em que não haviam smartphones, por isso pouco importava o registro daquele momento em fotos ou vídeos. Bastava a memória. Uma memória que construímos no cimento quente das arquibancadas do Rio.
Estamos condenados a não ver mais estádios no Rio de Janeiro, só arenas.
Colocaram, a custa de muita propina e guardanapo na cabeça, uma saboneteira no lugar do Maracanã. Tanto pela forma, como pelo conteúdo.
O Ítalo Del Cima, em Campo Grande. O Godofredo Cruz, em Campos. O Caio Martins, em Niterói. A Rua Bariri, em Olaria. Todos sumiram.
Sem jogar no Rio, os clubes cariocas tem se virado para jogar onde der. No cemitério de Volta Redonda, ou na praça de alimentação de shopping em Brasília.
Ver a torcida rubro-negra empilhada e sentada, primeiro no alto de uma marquise, depois em um barranco, foi lindo. Lembrou-nos dos áureos tempos do futebol, muito antes de Januário de Oliveira.
Tempos de jogos em Laranjeiras, no Andaraí. Quando os torcedores se apinhavam nos barrancos, que depois viraram arquibancadas.
Torcedor mesmo. De verdade. Daquele que ama o time e apoia incondicionalmente.
Isso o Flamengo encontrou no Kléber Andrade, em Cariacica (ES). Basta ver se os “negócios” não falarão mais alto. Seria uma pena.
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