Segundo o site de noticias argentino Notas.org.ar, no último dia 15 de junho, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) publicou finalmente os dados referentes à inflação mensal do mês de maio. Desde a posse do novo governo argentino, no dia 10 de dezembro de 2015, o organismo havia deixado de publicar os índices de preço ao consumidor (IPC).
Para o INDEC, em maio, o nível de preços subiu 4,2% em relação a abril, com destaque para o aumento dos preços do transporte (+5,6%) e alimentos (+3, 7%). A cesta básica teve um aumento superior a 500%. Alguns produtos, inclusive, chegaram a ter seu preço multiplicado por 12, como no caso da pêra, da maçã vermelha, do arroz, da laranja, da tangerina e do limão.
Pesquisadores do Centro de Estudos para o Cambio Social (CECS) apontam o forte aumento dos preços domésticos como reflexo das mudanças no modelo distributivo impulsionado pelo governo de Mauricio Macri. Em um informe elaborado pelos economistas Itai Hagman, Pablo Warren e Martín Harracá, nos últimos cinco meses, as direções na política econômica geraram uma diminuição significativa no poder aquisitivo da maioria da população. “Um ajuste, em definitivo, é uma transferencia de renda”, explico Hagman.
Segundo os economistas, a desvalorização da moeda e a diminuição das barreiras às atividades agropecuárias e mineradoras, tiveram fortes impactos na renda da população. A desvalorização do peso argentino também beneficiou diretamente o setor exportador, reforçando o lucro dos exportadores e diminuindo a arrecadação do Estado.
Ambas medidas, tomadas quase simultâneamente pelo governo de Macri, impactaram fortemente no nível dos preços em geral. Além disso, metade das vendas argentinas no exterior são controladas por apenas 23 empresas, “as quais têm sido as principais beneficiadas desta política”. Segundo o CECS, os setores concentrados da economia (bancos e exportadores), arrecadaram 7 milhões de dólares por hora, que antes estavam na mão do povo e do Estado.
“A transferência implica tirar dinheiro de um lado (população) e entregá-lo ao poder econômico, com a ideia de que o governo tem que aumentar a rentabilidade e saciar as ganâncias empresariais". Mas, “a transferência sai do Estado e da carteira da população”, completou o economista.
Tradução: María Julia Giménez
Fontes: www.notas.org.ar
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