Queda

Bolsonaro é réu no STF, tem processo no Conselho de Ética e vira piada na internet

Com imagem desgastada neste último mês, deputado tem sofrido com críticas da mídia

São Paulo |
Supremo Tribunal Federal julga o deputado por prática de apologia ao crime e por injúria, contra deputada Maria do Rosário (PT-RS)
Supremo Tribunal Federal julga o deputado por prática de apologia ao crime e por injúria, contra deputada Maria do Rosário (PT-RS) - Wilson Dias/Agência Brasil

Um vídeo do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) caindo no chão ao se atirar de uma van para cima de eleitores em um comício, viralizou na internet esta semana. A cena foi uma tentativa falha de um "mosh" - ato de pular e ser levantado pela plateia em shows de rock - pois ninguém conseguiu segurar o deputado. Foi a terceira "queda" da imagem de Bolsonaro na mídia em um mês.

O deputado virou réu do Supremo Tribunal Federal no dia 21 de junho por prática de apologia ao crime e por injúria, pelo ataque que fez contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS) em 2014. Na ocasião, após um discurso da deputada petista em defesa das vítimas da ditadura militar, Bolsonaro subiu à tribuna da Câmara para criticar a fala de Rosário e disse que não a estupraria porque ela não merecia, uma vez que ele a considera "muito feia" e ela não "faz seu tipo".

A ação gerou revolta dos partidos de esquerda e do movimento feminista e o deputado foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR). A Primeira turma da Corte entendeu, por quatro votos a um, que Bolsonaro não apenas incitou a prática de estupro, mas ofendeu a honra da parlamentar. Na defesa, a advogada de Bolsonaro, Lígia Regina de Oliveira Martan, invocou a "imunidade parlamentar", que pode proteger deputados e senadores por opiniões, palavras e votos. Em nota, Maria do Rosário afirmou que a decisão é uma vitória contra a impunidade de mulheres vítimas de violência e agradeceu aos movimentos feministas que a apoiaram.

Já no dia 28 de junho foi instaurado um processo disciplinar pelo Conselho de Ética da Câmara contra Bolsonaro, para apurar quebra de decoro parlamentar durante a votação do processo de Impeachment de Dilma Rousseff, no dia 17 de abril. Em seu voto, Bolsonaro reverenciou o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido torturador da ditadura militar e ex-chefe do DOI-CODI, órgão atuante na repressão política.

Para o Partido Verde (PV), autor da ação contra o deputado, a forma como Bolsonaro se referiu à Ustra constitui uma "verdadeira apologia ao crime de tortura". Em nota divulgada logo após a decisão, Bolsonaro disse que a abertura do processo não deve resultar em sanção contra ele. As punições previstas pelo Código de Ética vão desde advertência e censura à suspensão e cassação do mandato.

Xenofobia

Outra opinião do deputado que chocou recentemente foi a de que refugiados são "a escória do mundo". A afirmação foi feita em entrevista ao Jornal Opção, de Goiás, em setembro de 2015, após participar de um Workshop de Justiça Criminal em Goiânia. 

O repórter perguntou ao parlamentar sobre a situação do exército brasileiro e obteve a seguinte resposta: "Não sei qual é a adesão dos comandantes, mas, caso venham reduzir o efetivo [das Forças Armadas] é menos gente nas ruas para fazer frente aos marginais do MST, dos haitianos, senegaleses, bolivianos e tudo que é escória do mundo e agora estão chegando os sírios também. A escória do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problema demais para resolver”.

Documentário de Ellen Page

O deputado Jair Bolsonaro já é conhecido até internacionalmente pelo posicionamento de extrema direita e por citações polêmicas contra os direitos humanos e minorias sociais. Em março deste ano, o deputado apareceu no segundo episódio da série documental "Gaycation", sobre comunidades LGBT em diferentes países, apresentada pela atriz canadense e lésbica Ellen Page. Na entrevista, gravada no Rio de Janeiro, o parlamentar afirmou que ser homossexual é "comportamental" e que, para ele "se o filho começa a andar com certas pessoas, vai ter aquele tipo de comportamento, achar que aquilo é normal". 

A atriz rebateu o deputado com um de seus posicionamentos mais famosos: o de que as famílias que têm filhos gays não deram "porradas" o suficiente neles. Ellen contou ao deputado que é lésbica, e perguntou se, na visão de Bolsonaro, ela deveria ter apanhado quando criança. 

Edição: José Eduardo Bernardes

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